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Madre Teresa Deli: experiência autêntica, um hambúrguer abençoado

Nascida na pandemia em Taguatinga, casa conquistou o brasiliense com uma história bem contada e produtos de qualidade acima da média

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Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
Daniel Larsan, dono da Hamburgueria Madre Teresa Deli
1 de 1 Daniel Larsan, dono da Hamburgueria Madre Teresa Deli - Foto: Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Todo mundo que pensa em abrir um negócio gostaria de ter a fórmula do sucesso, a receita completinha para não desperdiçar a ideia, o tempo e, principalmente, o capital investido. Seria mágico se houvesse uma garantia, mas a dura realidade é que não existe um passo a passo totalmente infalível para chegar à glória de uma gestão azeitada e, claro, ao desejo do consumidor.

Não tenho dúvidas de que se conectar com quem vai comprar o produto é parte imprescindível para a consolidação de uma marca, especialmente de gastronomia. No marketing, uma das estratégias para se aproximar da clientela é o storytelling. Contar uma história bem contada, alicerçada nos valores e na missão da empresa é uma arte. Mas isto só gera resultados duradouros se o discurso casar com a realidade e, sobretudo, com a qualidade na experiência que se entrega.

Nesta semana, visitei a Madre Teresa Deli, a hamburgueria que leva gente de todas as regiões administrativas do Distrito Federal à Taguatinga com uma narrativa que traduz a religiosidade de Daniel Larsan, seu criador. “Busquei uma simbiose entre minha fé e o sustento da família”, diz o publicitário católico, apaixonado por churrasco, que enfrentava o desemprego pela oitava vez quando criou o negócio com apenas 18 lugares, em março de 2020.

Conversei com ele, um dia depois da minha visita, para saber mais sobre esse projeto, que nasceu da necessidade de sustentar a família e que virou algo impactante para a cidade. Daniel se julga perfeccionista e colocou como meta oferecer o melhor hambúrguer com os ingredientes da mais alta qualidade que estivessem ao seu alcance, como forma de agradecimento pelos ensinamentos que a vida e seus desafios lhe trouxeram. “Meus desempregos foram situações dolorosas e decisivas para repensar a vida. Ao invés de reclamar do mercado e das pessoas que me machucaram, eu quis agradecer, oferecendo carne assada. Minha vontade era que as pessoas se sentissem amadas nesse mundo tão egoísta”, afirma.

De acordo com o agora empresário, todo o lugar foi pensado para que os clientes pudessem se lembrar do Criador, tanto pelo nome da casa, quanto pela decoração e trilha sonora, e tivessem um momento de descanso depois de um dia de trabalho. “A comida ser boa é obrigação, custe e que custar, ainda que o lucro reduza. O importante é o foco em receber todo cliente como um rei e uma rainha, um filho de Deus. Falar dEle é libertador. Não ter vergonha é maravilhoso. Alguns achavam que isso afastaria clientes. Mas o que temos percebido é o contrário”, conta o pai de seis filhos, que ao lado da esposa e de familiares começou o negócio com pouco dinheiro, mas com toda a dedicação para que desse certo.

Dos 18 lugares iniciais, a casa hoje tem 120. Foram algumas expansões ao logo desses dois anos de história. No início, eram cinco pessoas trabalhando, mas hoje a casa emprega muito mais gente. “Começamos comigo na churrasqueira (eu desejava que fosse assim pra vida toda), minha sogra no caixa, meu sogro na louça e duas funcionárias. Agora, estamos com 37 funcionários. É uma benção. O desempregado por oito vezes agora emprega pessoas, é emocionante demais”, analisa Larsan.

Daniel Larsan na Madre Teresa Deli

A experiência

Embora já tivesse ouvido muita gente falar bem sobre o lugar, fui conhecer com um tantinho de desconfiança, devo confessar. Mas assim que me coloquei em frente à fachada, senti uma energia tão boa, que me desmontou. Naquele instante, me lembrei de algumas lives do Daniel que assisti em 2020, no auge da pandemia. Veio à tona em minha mente a simplicidade com que ele falava de sua fé e de como se sentia grato por tudo. Numa época tão incerta, aquelas palavras me deram conforto e agora eu estava ali, prestes a ter a experiência de comer na “hamburgueria mais pobre do mundo”.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi a trilha sonora. Como não ficar relaxada com canto gregoriano? Já a decoração é aquela mistura gostosa de objetos garimpados com muito bom gosto. Móveis antigos, imagens de santos se combinam com paredes quebradas e rachadas, que guardam imagens religiosas e muita singeleza. Até parte de um ônibus compõe o decor e serve de mesa para a clientela. Sem dúvida, a Madre Teresa Deli é um lugar instagramável e singular.

O menu é enxuto, mas a maior parte dos ingredientes que compõem as opções é elaborada de forma artesanal na casa. Para começar, fui de Tagua York Fries (R$ 25), cujo nome remete a um dos apelidos de Taguatinga. As batatas fritas são sequinhas, temperadas com um chimichurri de acidez gostosa, mais sour cream, queijo cheddar; e cobertas com pastrami que leva 18 dias para ficar pronto. A carne tem um defumado bem saboroso e textura macia. Delícia!

Dentre os hambúrgueres, escolhi o Ortega (R$ 28), com pão brioche, disco de 180g de carne Angus, maionese de alho, chimichurri, vegetais defumados e limão siciliano. É suculento, macio e, me atrevo a dizer, um dos melhores hambúrgueres que comi na vida. Abençoado mesmo!

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Hambúrguer Ortega (R$ 28), com pão brioche, disco de 180g de carne Angus, maionese de alho, chimichurri, vegetais defumados e limão siciliano.
1251 (R$ 39) -  vem com fritas e é composto por salmão curado, também chamado de gravlax, alcaparras, endro, sour cream e bagel, o pãozinho fofo com furo no meio
Para beber, a casa oferece chope, cervejas pilsen, IPA e weiss; vinho chardonnay ou espumante em taça. Eu fui mesmo no Negroni (R$ 25)
De acordo com o agora empresário, todo o lugar foi pensado para que os clientes pudessem se lembrar do Criador, tanto pelo nome da casa, quanto pela decoração e trilha sonora, e tivessem um momento de descanso depois de um dia de trabalho
A hamburgueria está localizada em Taguatinga
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Tagua York Fries (R$ 25), cujo nome remete a um dos apelidos de Taguatinga. As batatas fritas são sequinhas, temperadas com um chimichurri de acidez gostosa, mais sour cream, queijo cheddar; e cobertas com pastrami que leva 18 dias para ficar pronto

Foto: Luciana Barbo
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Hambúrguer Ortega (R$ 28), com pão brioche, disco de 180g de carne Angus, maionese de alho, chimichurri, vegetais defumados e limão siciliano.

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1251 (R$ 39) - vem com fritas e é composto por salmão curado, também chamado de gravlax, alcaparras, endro, sour cream e bagel, o pãozinho fofo com furo no meio

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Para beber, a casa oferece chope, cervejas pilsen, IPA e weiss; vinho chardonnay ou espumante em taça. Eu fui mesmo no Negroni (R$ 25)

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De acordo com o agora empresário, todo o lugar foi pensado para que os clientes pudessem se lembrar do Criador, tanto pelo nome da casa, quanto pela decoração e trilha sonora, e tivessem um momento de descanso depois de um dia de trabalho

Foto: Luciana Barbo
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A hamburgueria está localizada em Taguatinga

Foto: Luciana Barbo
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A primeira coisa que me chamou a atenção foi a trilha sonora. Como não ficar relaxada com canto gregoriano? Já a decoração é aquela mistura gostosa de objetos garimpados com muito bom gosto. Móveis antigos, imagens de santos se combinam com paredes quebradas e rachadas, que guardam imagens religiosas e muita singeleza

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O menu é enxuto, mas a maior parte dos ingredientes que compõem as opções é elaborada de forma artesanal na casa

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E para quem se pergunta quando vem a segunda unidade da hamburgueria, o empresário revela. “Está fora de cogitação. Esse restaurante surgiu não de um plano de negócios, mas de um pai sentindo falta de ficar perto da família", diz Daniel

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Se você não foi, por preguiça, teimosia e desconhecimento, apenas vá. Te garanto que vai querer voltar sempre. Ah, chegue cedo. O local costuma lotar e ter fila de espera

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Detalhe da decoração

Foto: Luciana Barbo

Daí que eu sou curiosa e ainda pedi uma novidade da casa: o 1251 (R$ 39). “Este número é o código do direito canônico da Igreja Católica que fala sobre a abstinência de carne vermelha em todas as sextas-feiras do ano”, justifica Daniel. O sanduíche vem com fritas e é composto por salmão curado, também chamado de gravlax, alcaparras, endro, sour cream e bagel, o pãozinho fofo com furo no meio. Achei o peixe muito bem executado, temperado na medida certa, a textura do pão e a quantidade de sour cream suficientes para garantir uma mordida suculenta e agradável. Vou querer pedir todas as vezes que for lá.

O menu entrega outras opções como o 13 de maio (R$ 49), sanduíche de pastrami e picles; o Deli (R$ 25) com pão pretzel, blend de Angus e queijo cheddar; e o Chesterton (R$33), com carne, american cheese, pastrami, cebola, picles e sour cream. Também é possível acrescentar itens como bacon, cheddar, american cheese a todos os lanches.

A única sobremesa disponível é a Escombros (R$ 15), uma releitura desconstruída da banoffee. Para beber, a casa oferece chope, cervejas pilsen, IPA e weiss; vinho chardonnay ou espumante em taça. Eu fui mesmo no Negroni (R$ 25), porque estou meio viciadinha neste clássico da coquetelaria. É bem executado e o preço, aliás, é ótimo. Há outras opções de drinques como o Mosteiro (R$ 25), com rum, bourbon, xarope, limão, flor de laranjeira e canela maçaricada; e o J.J (R$ 25), com bourbon, guaraná Jesus, suco de limão e rosas.. Vou prová-los da próxima vez.

La Pobrecita

Para finalizar o projeto de expansão da Madre Teresa Deli, Daniel planeja inaugurar em julho a La Pobrecita, misto de lanchonete, empório, cafeteria e loja de conveniência, que vai funcionar durante o dia. “Vamos vender nosso picles, ketchup, american cheese, gravlax, pastrami, hambúrguer, pão. Para consumo na hora, teremos itens que todos os brasileiros amam, como coxinha de frango, suco de laranja, pingado. Amo essa simplicidade”, adianta ele.

E para quem se pergunta quando vem a segunda unidade da hamburgueria, o empresário revela. “Está fora de cogitação. Esse restaurante surgiu não de um plano de negócios, mas de um pai sentindo falta de ficar perto da família. Eu mal via meus filhos devido ao trabalho. E hoje estou com eles sempre, estou à disposição da minha esposa. A vida simples que a gente sonhou, não comporta a ideia de mais unidades, reuniões, logística. Faz parte do sonho ser um achado em Taguatinga e se o cliente quiser ter essa experiência ele terá que vir até aqui”, declara.

Bom, se eu tivesse de percorrer uns 50 quilômetros para chegar lá, ainda assim, iria. Se você não foi, por preguiça, teimosia e desconhecimento, apenas vá. Te garanto que vai querer voltar sempre. Ah, chegue cedo. O local costuma lotar e ter fila de espera, afinal, comida boa, feita com amor e abençoada por Deus, a gente não encontra em qualquer lugar.

Serviço:
Madre Teresa Deli
Endereço: QSD 53, lote 2, em frente à estação Taguatinga Sul do metrô.
Funciona de terça a sábado, das 18h às 23h.
Telefone: (61) 99928-6414 (WhatsApp)
Tem delivery pelo iFood e take away
Instagram: @madreteresadeli

Para mais dicas de gastronomia, siga @lucianabarbo no Instagram.

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