Jamie Oliver Kitchen: vale mesmo ir ao novo restaurante do chef britânico?
Casa aberta há cerca de um mês em Brasília é a primeira a reunir pratos favoritos, provados pelo cozinheiro em viagens pelo mundo
atualizado
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Depois de abrir restaurantes em São Paulo e Curitiba, o braço brasileiro do chef Jamie Oliver inaugurou há cerca de um mês o primeiro endereço em Brasília. Diferentemente das outras unidades, que têm proposta de oferecer cozinha italiana, o filho mais novo do cozinheiro britânico apresenta um menu enxuto, com suas receitas favoritas, experimentadas em viagens ao redor do mundo.
Ou seja, o Jamie Oliver Kitchen não tem amarras nem rótulos e se apoia na expertise e num nome conhecido da gastronomia mundial, fortalecido ao longo de duas décadas pela exposição na TV e nas mídias sociais sob o propósito de democratizar o conhecimento sobre o ato de cozinhar, os alimentos, a sazonalidade e suas possibilidades. Não há dúvidas de que a popularidade do cozinheiro é a maior ferramenta para chamar o público, seja na Europa ou no Brasil.
Mas será que a experiência na casa reafirma todo o conteúdo apresentado em frente às câmeras? Estive na inauguração do restaurante para conhecer e voltei há alguns dias com o intuito de confirmar as primeiras impressões para contar a você. Confira a seguir as minhas percepções, que ainda podem ser reavaliadas após mais algumas visitas.
Primeiramente, creio que seja bom falar sobre o ambiente, amplo e de muito bom gosto, por sinal. O salão interno se vale de cores amenas e móveis em madeira igualmente clara, para criar uma atmosfera clean e sofisticada. Não tem como não destacar a cozinha aberta de um lado e o bar em mármore iluminado do outro. Já as mesas têm um bom distanciamento e o pé direito alto ajuda a proporcionar uma sensação de amplitude. Na varanda, que pode ser ponto de encontro para uma happy hour ao fim do dia, domina o preto e uma madeira de tom mais caramelo. Também bastante chique. Vale ressaltar ainda a escolha da trilha sonora e do volume da música, muito adequadas.
O menu
Em minha primeira visita, destaquei no meu caderninho mental alguns favoritos e agora voltei a eles para confirmar se valeriam mesmo a indicação. O Tataki de Carne (R$ 29) vem com fatias finas de filé, acompanhadas por molho oriental com gengibre, limão, pepino, cebolinha e wasabi. Era para ser cru no centro, mas dessa vez veio totalmente passado. Tava ruim? Não tava. Mas para quem gosta de carne mal passada como eu, o tempo de cocção é crucial para garantir sabor e a experiência prometidos pela expressão “selado”, descrita no cardápio.
Passando para a Tempura de Camarão (R$ 34), preciso reconhecer a excelência da massa que envolve o crustáceo. Leve, crocante e sequinha, é um deleite para os ouvidos e ainda protege a carne, que permanece úmida e delicada. Ponto para a cozinha! Fora que encontrar por aí uma porção com três camarões grandes a este preço é missão um tanto árdua. Ah, tem o molho piri-piri, confeccionado com diversos ingredientes e levemente apimentado, que completa o sabor do prato.
No rol das entradas que provei e gostei na inauguração tem ainda o pão de polenta (R$ 14), o croquete de carne (R$ 15) e as tulipinhas de frango ao teriyaki com gergelim tostado (R$ R$ 35). Voltarei para comer novamente, mas se quiser arriscar antes de uma segunda avaliação minha, fica a dica.
Passando para a parte principal da refeição, conferi a salada Super Food (R$ 29) que à primeira vista me pareceu uma opção bastante saudável e de bom preço. O prato é composto por grãos mistos como quinoa, arroz negro, sementes, brócolis, beterraba, abacate, erva-doce, romã e um molho de vinagre de xerez. Expectativa devidamente saciada. Vale pedir só ela, para comer sozinho, ou com uma carne, para compartilhar com alguém.
Eu quis prová-la com o Frango Frito do Jamie (R$ 45), que vem acompanhado com pão de milho, melancia em conserva e molho piri-piri, aquele mesmo do camarão. Embora a carne do frango seja bastante suculenta, apostaria numa versão mais delicada de massa para cobri-la. Achei um pouco rígida, mas pode ser um preciosismo meu, que sempre tenho medo de machucar o céu da boca com crostas mais duras. Já a conserva de melancia, criada claramente para aproveitar as partes da fruta que iriam para o lixo (palmas pela iniciativa), merece mais acidez para justificar a presença no prato.
Na próxima visita, quero provar a moqueca de camarão e o salmão servido com molho ponzu com vagem francesa e pepino grelhado. Estes são os que mais chamam a minha atenção, dentre as opções já montadas.
Se estiver acompanhada, talvez volte ao Tomahawk (R$ 195), um bifão com osso que sempre me lembra os Flintstones (eita, acabei de denunciar a minha idade). Assado no Josper, um forno a carvão que vem encantando cozinheiros, o corte serve de duas a três pessoas, e vai acompanhado por abacaxi glaceado com limão. O ponto desta, e das outras carnes, é escolhido pelo cliente. É possível eleger outros acompanhamentos como milho na brasa (R$ 12), batatas assadas com molho de iogurte, queijo minas e parmesão (R$ 14), salada verde (R$ 13), brócolis grelhado (R$ 12) ou chips com sal de alecrim (R$ 12).
Na visita mais recente, abri mão da sobremesa por já estar bem satisfeita. No entanto, na anterior finalizei a refeição com três delas. A que mais gostei foi a Baked Coconut Custard (R$ 29), que me pareceu um quindim com abacaxi e sorvete de coco. Apesar de ser chocólatra, fugiria da Cheesecake Brownie, por ter achado muito seca e dura. Talvez o Jamie´s Brigadeiro Cake me faça mais feliz na próxima ida. Já o semifredo de açaí com banana não é ruim, mas senti falta do protagonismo da fruta amazônica no preparo.
No quesito bebidas, confesso que estou meio apaixonadinha pelo Spicy Beetroot (R$ 21), um drinque sem álcool com xarope de beterraba, suco de maçã, xarope de pimenta e espuma de gengibre. É bastante refrescante e tem um tom terroso, cítrico e doce ao mesmo tempo. O Nojito de Melância (R$ 20) com suco de melancia e xarope de framboesa também é bom. As criações alcoólicas eu ainda não provei, mas vale dizer que são várias, dos clássicos a propostas exclusivas da casa. Me chamou a atenção o Citric Violet, com gin, xarope de violeta, limão e kombucha de gengibre. Provarei em breve.
Outro ponto a destacar é o atendimento, que oscila entre atencioso em alguns momentos e confuso, em outros. Senti as meninas mais concentradas em suas funções. Sobre o preço, a minha percepção é de que a casa opera com valores abaixo de outras de mesmo nível em Brasília, o que é um aspecto bastante positivo. Também quero valorizar o esforço em buscar por produtores locais para serem fornecedores, isso tem muito a ver com o que o chef Jamie Oliver prega em seu discurso. Os cafés, por exemplo, são preparados com blend da Los Baristas, marca de excelência já consolidada na cidade.
Ah, estou ansiosa pela abertura do café, que ocupará a frente da casa com um menu diferenciado. Aguardemos!
Para mais dicas de onde comer bem, siga-me no Instagram (@lucianabarbo).
Serviço:
Venâncio Shopping, térreo.
Telefone (61) 3710-3939.
Funciona todos os dias, para almoço, das 11h às 15h; e jantar, das 18h à meia-noite.