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Gastronomia é comida, mas também é leitura

Mais do que a internet e os vídeos rápidos de receitas, livros são fundamentais para adquirir conhecimento sobre o comer e o cozinhar

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Estou em fase de mudança. Daí que esses dias, parei em frente à minha estante de livros e fiquei pensando que, se tivesse de morar num lugar bem pequeno, quais exemplares iria levar comigo. Devo ter mais de 100 publicações sobre gastronomia, então, escolher algumas passa pelo entendimento de quais foram fundamentais para a minha formação não somente como jornalista especializada, mas como consumidora consciente que venho tentando me tornar durante todos esses anos de vivência.

Entender sobre os meandros da gastronomia passa por adquirir conhecimento. E eu não estou falando só de ficar assistindo aquele monte de vídeos rápidos nas mídias sociais, de praticar o ato de cozinhar ou de acompanhar reality shows na TV. Quem deseja aprender sobre ela, precisa ir mais fundo e se dedicar também à leitura.

Sem dúvida, a comida é muito mais do que ingredientes e o que se vê dentro do prato e se você ama este assunto, compartilho aqui algumas das obras que foram muito importantes para a minha formação e que talvez possam te ajudar a ter mais conhecimento para embasar conversas com os amigos e posts nas mídias sociais.

Pequeno grande dicionário

O Pequeno Dicionário de Gastronomia (Ed. Objetiva), de Maria Lucia Gomensoro foi o primeiro livro de gastronomia que adquiri logo que me tornei colunista de gastronomia, em 2004. A obra reúne em mais de 400 páginas, 3,7 mil verbetes, entre nomes de ingredientes, origem e composição de pratos clássicos da cozinha mundial, pequenas histórias de chefs famosos, entre outros tópicos interessantes.

Para mim, ela foi fundamental inclusive para aprender a grafia correta de muitos pratos. Você também tem dúvida se duplica as letras c e l ao escrever os nomes das massas italianas? Confesso que até hoje isso me deixa confusa (risos) e consulto o dicionário para não passar vergonha. E sempre que abro o livro para consultar um nome, aproveito para abri-lo aleatoriamente e ler todos os verbetes das duas páginas escolhidas. É uma delícia aprender assim.

Perrengues na cozinha

Assim como eu, você deve saber que a vida de quem trabalha com cozinha está longe de ser um mar de rosas. É muita variável e diversos fatores contribuem diariamente para que haja um perrengue no serviço. E é claro que todo cozinheiro tem inúmeras histórias inesquecíveis para contar. Os autores Witherspoon e Andrew Friedman reuniram “causos” de profissionais famosos como Ferrán Adrià, Daniel Boulud, Jamie Oliver, Anthony Bourdain e Heston Blumenthal em um livro que ganhou uma versão brasileira.

Em Chame o Chef (Ed.Ediouro), a jornalista Luciana Fróes ouviu cozinheiros como Danio Braga, Claude Troisgros, Felipe Bronze, Felipe Bronze e Flávia Quaresma. A chef Roberta Sudbrack, por exemplo, relembra histórias de quando era cozinheira do presidente Fernando Henrique Cardoso e como salvou as refeições do então primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair, e do presidente da Itália, Carlo Ciampi, em visita ao Brasil. O livro é uma delícia de ler e rende boas gargalhadas.

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Cozinhar é um ato político

Defensor da comida raiz e combatente da indústria alimentícia, Michael Pollan faz a gente pensar no ato de escolher e preparar alimentos com o seu livro Cozinhar: uma história natural da transformação. Para concebê-lo, ele se desafiou a colocar a mão na massa, testando técnicas e ingredientes. Durante o processo, diz que perdeu peso por comer comida de verdade e que se tornou mais sociável ao convidar amigos para comer o que ele preparava.

Em quatro capítulos, intitulados Fogo, Água, Ar e Terra, Pollan nos convida a tornar o nosso comer em ato político, a partir da escolha dos alimentos. Para ele, isto influencia a agricultura e tira das mãos da indústria o poder sobre a nossa saúde. A obra reúne ainda quatro receitas e indicações de outros livros de gastronomia. O livro foi adaptado e virou a série Cooked, da Netflix.

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Em Chame o Chef (Ed.Ediouro), a jornalista Luciana Fróes ouviu cozinheiros como Danio Braga, Claude Troisgros, Felipe Bronze, Felipe Bronze e Flávia Quaresma
O Pequeno Dicionário de Gastronomia (Ed. Objetiva), de Maria Lucia Gomensoro foi o primeiro livro de gastronomia que adquiri logo que me tornei colunista de gastronomia, em 2004
A Day at elBulli é o convite a uma imersão no pensamento e processo criativo do chef Férran Adrià
uth Reichl se tornou uma das mais respeitadas críticas gastronômicas do mundo, especialmente por seu trabalho no The New York Times e no Los Angeles Times. No livro Conforte-me com Maçãs, ela relata o aprendizado e diversas experiências que colecionou em muitas visitas a restaurantes, eventos e encontros com chefs famosos
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Michael Pollan faz a gente pensar no ato de escolher e preparar alimentos com o seu livro Cozinhar: uma história natural da transformação. Para concebê-lo, ele se desafiou a colocar a mão na massa, testando técnicas e ingredientes. Durante o processo, diz que perdeu peso por comer comida de verdade e que se tornou mais sociável ao convidar amigos para comer o que ele preparava

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Em Chame o Chef (Ed.Ediouro), a jornalista Luciana Fróes ouviu cozinheiros como Danio Braga, Claude Troisgros, Felipe Bronze, Felipe Bronze e Flávia Quaresma

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O Pequeno Dicionário de Gastronomia (Ed. Objetiva), de Maria Lucia Gomensoro foi o primeiro livro de gastronomia que adquiri logo que me tornei colunista de gastronomia, em 2004

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A Day at elBulli é o convite a uma imersão no pensamento e processo criativo do chef Férran Adrià

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uth Reichl se tornou uma das mais respeitadas críticas gastronômicas do mundo, especialmente por seu trabalho no The New York Times e no Los Angeles Times. No livro Conforte-me com Maçãs, ela relata o aprendizado e diversas experiências que colecionou em muitas visitas a restaurantes, eventos e encontros com chefs famosos

Foto: Luciana Barbo

Imersão no elBulli

A Day at elBulli é o convite a uma imersão no pensamento e processo criativo do chef Férran Adrià. Encontrei esta obra por acaso e me apaixonei por ela. São mais de 500 páginas em tamanho A4, que narram o cotidiano do restaurante, considerado várias vezes o melhor do mundo. A obra detalha, inclusive, o menu com anotações do próprio Ferrán Adrià.

A descrição começa às 6h15 da manhã, mostra a trajetória em busca dos ingredientes, a rotina de testes pela manhã, o pré-preparo, o serviço, até chegar à partida dos últimos comensais. Uma aula maravilhosa em que é possível até imaginar o sabor de cada prato desse restaurante que fez história.

Maçãs confortáveis

Ex-chef de cozinha, Ruth Reichl se tornou uma das mais respeitadas críticas gastronômicas do mundo, especialmente por seu trabalho no The New York Times e no Los Angeles Times. No livro Conforte-me com Maçãs, ela relata o aprendizado e diversas experiências que colecionou em muitas visitas a restaurantes, eventos e encontros com chefs famosos. Tudo com bastante humor e ousadia.

Esta é uma leitura gostosa sobre uma trajetória profissional bastante inspiradora. Apenas alerto para o fato de que a leitura dos relatos tão detalhados sobre pratos e ingredientes pode fazer surgir uma vontade urgente de viajar para Paris, Nova York e outras cidades, ou mesmo correr para o restaurante mais próximo.

Para mais dicas de gastronomia, siga @lucianabarbo no Instagram.

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