Bons drinques: Southside tem carta variada e cheia de ousadia
Mixologista Gustavo Guedes usa criatividade e conhecimento técnico para oferecer o melhor da coquetelaria em harmonia com pratos e petiscos
atualizado
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Já pensou em tomar um drinque com nori, aquela alga que envolve os sushis? Eu nunca havia cogitado essa hipótese até conhecer o Southside. Inaugurado em novembro de 2019, o bar tem como sócio o mixologista Gustavo Guedes, que assina cartas de drinques para diversas casas da cidade. Haja inspiração, né, não?
Para o seu próprio empreendimento, em sociedade com Marisa e Bruno Zardo, ele se superou. Dentre as mais de 40 combinações, sempre cito o Black Belt como o ícone da casa. Porque, convenhamos, alga de sushi num drinque pode até ser uma ideia meio doida, mas Gustavo fez dar certo, misturando whisky Johnnie Walker Double Black, infusionado com a própria alga, mais Indian Chai, mel de laranjeira e gengibre. O drinque ainda é defumado com carvalho, o que traz uma nota bem interessante ao conjunto da obra. Esta opção sai a R$ 37,70.
Outra criação bem diferentona com alga nori é o Fake Champagne, com saquê, Lillet, vinho verde, jerez e gengibre (R$ 35,70). Já o Old Frank (R$ 38,70), inspirado no clássico Old Fashioned, é composto por bourbon Bulleit com bacon, caramelo salgado, angostura e defumação em carvalho. Este drinque é para aqueles que gostam de bebidas mais complexas, cheias de personalidade.
Além do uso de ingredientes inusitados, o mixologista também ama acrescentar produtos brasileiros em suas criações. O Guimarães (R$ 33,70), por exemplo, leva cachaça Ypióca, siriguela, licor bizantino, limão e espuma de cupuaçu com uma pitada de flor de sal. Daí tem o Graciliano (R$ 45,70) também preparado com cachaça premium, tequila, calda de maracujá, xarope de cumaru, bitter, cacau e refrigerante de gengibre.
São mais de 40 receitas no total, incluindo as tradicionais, releituras, uma seção de brasileiros, outras de criações borbulhantes e, por fim, uma ementa autoral. Afinal de contas, Gustavo é um estudioso da mixologia desde muito jovem e coleciona destaques em prêmios de coquetelaria importantes como o World Class, promovido pelo grupo Diageo.
No rol das Gin Tônicas, uma das dicas é o GT Corleone (R$ 34,70), elaborado com limão siciliano, pepino, alecrim, tônica e redução de laranja. Caso não encontre a composição preferida, entre as opções, você pode criá-la, escolhendo o gim, os botânicos, guarnições e a água tônica. É divertido e custa entre R$ 29,70 e R$ 45,70, a depender da marca de destilado escolhida.
Para quem tem um paladar clássico, a carta oferece Negroni, Dry Martini, Moscow Mule, Manhattan, Whisky Sour, Daiquiri, entre outras receitas que fizeram história no segmento de coquetelaria.
Para acompanhar os drinques
Atualmente, o menu da casa tem assinatura da chef Catarina Freire e tem boas porções para compartilhar, enquanto uma dose e outra chega à mesa. O Lollipop de frango (R$ 41,70) traz a coxinha da asa coberta com teriyaki de tamarindo e gergelim tostado, enquanto o Varal de Camarões (R$ 36,70) apresenta os crustáceos empanados em farinha panko, acompanhados por mel trufado.
Já o disco de ossobuco com cogumelos refogados, alho de negro e emulsão de pimenta dedo de moça é friturinha igualmente aconselhável para equilibrar o álcool. Também gosto da ideia do ovo pochê com fonduta de parmesão, cogumelos e crispy de parma (R$ 35,70) e do bao com barriga de porco, rabanete e picles de acelga levemente picante, para comer antes de ir pra casa.
Nos principais, os camarões salteados sobre risoni ao alho, espinafre, cogumelos, parmesão e manteiga de limão (R$ 72,70) podem ser boa pedida, assim como o risoto de linguiça de Formiga (MG), que costuma ser bem temperada e levemente apimentada. A receita da chef leva ainda alho poró, queijo de cabra e redução de balsâmico com pitanga. Mas eu gosto mesmo é do copa lombo (R$ 62,70) com creme de milho trufado, banana assada, cebola pérola e caramelo de bacon.
Vale dar uma olhada, bem no início do cardápio, ao Ato 1, 2 e 3. São listas de pratos que podem ser reunidos em combos e harmonizados com as sugestões de drinques listadas em cada uma.
Da cozinha também saem sobremesas. Tem desde pudim de pistache até o toast de brioche com framboesa defumada, crocante de chocolate branco e sorvete de fior di latte e um tacho de brigadeiro com farofa de amendoim e sorvete de gengibre. Todas elas custam R$ 28,70.
Ambiente
Não poderia terminar este texto sem citar o ambiente da casa, cujo projeto é assinado por George e Júlia Zardo. O destaque no piso inferior é a estante que ocupa a parede de fundo do bar, na qual estão dispostas as garrafas utilizadas no preparo dos drinques. A decoração combina bem com a vestimenta dos bartenders, vem vintage e elegante.
No salão do piso superior há outro balcão, no qual Gustavo Guedes promove lives sobre coquetelaria pelo Instagram. Ali também são realizadas experiências diferenciadas e cursos destinados aos clientes. Na decoração, as estantes com livros antigos também dão certo ar vintage e classudo. Tudo isso para remeter aos anos 1920, nos quais a Lei Seca acabou levando à criação do conceito de speakeasy, aquele local escondido, em que se bebia clandestinamente. Ainda bem que os tempos são outros.
Se ficar em Brasília nas férias, não deixe de passar por lá para conferir os bons drinques e as comidinhas. Ah, já ia me esquecendo de falar que o Southside serve feijoada aos sábados até 16h. De quarta a sexta, funciona apenas a partir das 19h.
Serviço:
Southside
Endereço: CLS 407, bloco B, loja 32
Funciona de quarta à sexta, das 19h à meia-noite; sábado, das 12h às 16h e das 19h à meia-noite
Siga no Instagram: @southsidebrasilia
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