“Vai vir com força”, diz Fabio Jatene em áudio sobre coronavírus
Áudio gravado na quarta-feira (11/03) pelo médico Fabio Jatene, do Instituto do Coração, viralizou com informações sobre o combate à doença
atualizado
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Um áudio gravado na quarta-feira (11/03) pelo médico Fabio Jatene, do Instituto do Coração, detalha alguns pontos importantes em relação ao novo coronavírus.
As informações que embasam o relato do médico foram reunidas a partir de um encontro realizado em São Paulo, no Instituto do Coração, em que estiveram presentes o infectologista David Uip, o neurologista Esper Cavalheiro, e o intensivista Marcelo Amato, além de outros médicos.
Em menos de 12 horas, o áudio já tinha viralizado nas redes sociais e, em coletiva de imprensa, realizada nesta quinta (12/03), em São Paulo, o infectologista David Uip confirmou sua veracidade.
Um dos impactados pela mensagem foi o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que contou ter levado os argumentos do médico em consideração ao decidir suspender por cinco dias as aulas no DF.
Veja os principais pontos do relato de Jatene:
Casos no Brasil
“O David disse que a partir de hoje os casos vão explodir no Brasil. Porque já passou a ter a transmissão, que eles chamam, comunitária. Não é quem foi viajar, agora, quem não foi viajar já está passando para o outro que não foi viajar. Diz que os casos vão explodir e ele tinha razão, porque ontem tinha 35 [casos] e hoje já tem 70. E a partir de amanhã, as coisas vão piorar mais ainda.”
Idosos são mais vulneráveis
“Eles disseram para ter muito cuidado com pessoas de idade. Pessoas muito idosas não devem se expor de jeito nenhum. Reduzir ao máximo a possibilidade de contágio, porque, diz que, nos velhinhos a mortalidade tem chegado a 15%, 18% e, nos jovens, a 0,2%. Então, essa é uma doença que mata velho, não mata jovem.”
Raio-x não pega
Mostraram as imagens da tomografia dos casos da China, dos casos do Brasil, os que estão doentes no Brasil, e é impressionante como é parecido. Começa com vidro fosco, bilateralmente, depois como uns spots de condensação, bilateral. E diz que o raio-x muitas vezes não pega e a tomografia é o exame normal.
Casos em São Paulo
O David também disse que devem ser, nos próximos quatro meses, na Grande São Paulo, 45 mil casos estão prevendo e que vão precisar de UTI de 10 a 11 mil casos. E não tem dez mil leitos de UTI disponíveis. Não tem.
Itália
Marcelo Amato contou que na Itália está o caos, porque as UTIs estão cheias, lotadas, abarrotadas e agora eles estão pondo pacientes em centro cirúrgico, porque centro cirúrgico tem respirador. Então, dá para botar o paciente no centro cirúrgico usando como uma sala de UTI. Todas as operações foram suspensas e eles estão tentando da melhor maneira fazer tratamento intensivo.
Leitos de UTI
O HC já destinou a UTI do 11º andar, lá do instituto central, de 75 leitos só para corona – nós não temos isso no Brasil e eles já estão de prontidão para 75 leitos. Da sequência são os leitos do Incor que vão ser mobilizados e está se julgando que vai ser insuficiente – claro.
Essa é uma doença que a transmissão é de um caso para dois e dá três pacientes, às vezes quatro. Mas o problema é que, uma vez que a doença se instala, o pico de piora é rápido, entre cinco e sete dias.
Coisas loucas
Eles contaram coisas assim, loucas. Diz que os caras colocavam aquele escafandro para tratar dos doentes, mas para não ter que tirar o escafandro, eles punham fraldas. Eles trabalhavam de fralda e faziam as necessidades na fralda. E o problema é que, quando eles iam tirar a fralda, se contaminavam. Tirar a roupa toda, se contaminavam. Diz que é muito difícil você não se contaminar no momento da troca da roupa. Disse que, com a entubação, reduziu a transmissão. Mas aumentou a transmissão entre enfermeiros. Porque as secreções corpóreas, como urina e fezes dos pacientes, aumentaram a transmissão na enfermagem, não dos médicos.
Apreensão
Hoje a gente teve muita informação lá e todo mundo ficou meio apreensivo. Ele acha que em quatro meses resolve o surto. Vai vir, vai vir com força, vai contaminar um monte de gente.