O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, escolheu reconduzir o atual procurador-geral de Justiça do estado, Luciano Mattos, para a Procuradoria-Geral de Justiça. A decisão de Castro contraria a tradição do mais votado da lista tríplice ser o escolhido para a PGJ.
Mattos ficou em segundo lugar na lista, com 437 votos. A procuradora Leila Machado Costa liderou a votação, com 485 apoios. Em terceiro lugar ficou a procuradora Somaine Cerruti, que somou 126 votos.
Castro, ao escolher reconduzir o atual PGJ, desagradou parte de seu secretariado, que considera que Mattos não controlou a atuação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado. Às vésperas da eleição, os procuradores denunciaram o ex-chefe de Polícia Civil Allan Turnowski, um importante aliado do governador.
Por outro lado, Castro desagradou os promotores, que, de forma inédita, não escolheram como o primeiro da lista tríplice um PGJ que tenta a recondução. Integrantes do MP do Rio defenderam, em carta aberta, a escolha da procuradora Leila Machado, a mais votada. Mattos também havia se comprometido a apoiar o primeiro da lista.
A pressão dos tribunais superiores, contudo, falou mais alto para o governador. Castro é alvo de duas delações no Superior Tribunal de Justiça e foi denunciado em um processo na Justiça Eleitoral do estado.
(Atualização às 16h20 de 12 de janeiro de 2023: Em nota, a Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Amperj) defendeu a nomeação do nome mais votado na lista tríplice, que nesta caso foi a procuradora Leila Machado Costa. “A Amperj reitera sua defesa histórica da nomeação, para procurador-geral de Justiça, do nome mais mais votado na lista tríplice formada por eleição da classe. A Amperj solicitou e está aguardando a realização de uma audiência ao chefe de governo para tratar do tema”.)
16 imagens
1 de 16
Cláudio Bomfim de Castro e Silva, nascido em 1979, é um advogado e político brasileiro filiado ao Partido Liberal (PL). Natural de Santos, em São Paulo, se tornou nacionalmente conhecido por assumir o comando do estado do Rio de Janeiro após o impeachment do então governador Wilson Witzel
ALINE MASSUCA/ Metrópoles
2 de 16
Apesar de ter nascido no estado paulista, Castro mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde cresceu. Católico fervoroso, com o tempo se tornou membro da Renovação Carismática Católica e, inclusive, foi coordenador arquidiocesano do Ministério de Fé e Política da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Governo RJ
4 de 16
Em 2005, tempos após se formar no ensino médio, ingressou na faculdade de direito e, mais tarde, tornou-se advogado. Entretanto, antes mesmo de se matricular no ensino superior, Cláudio Castro já havia começado sua carreira política como chefe de gabinete do político Márcio Pacheco, à época vereador
Aline Massuca/ Metrópoles
5 de 16
Em 2012, tentou, pela primeira vez, uma vaga no Legislativo estadual pelo partido, mas não conseguiu se eleger. Quatro anos depois, concorreu novamente às eleições e foi eleito, com 10.262 votos, vereador pelo Rio de Janeiro
Aline Massuca/ Metrópoles
6 de 16
Em 2018, foi confirmado pelo Partido Social Cristão (PSC) como vice-governador do Rio de Janeiro na chapa de Wilson Witzel, eleita, em segundo turno, com 59,87% - 4.675.355
Agência Brasil
7 de 16
Em 2021, após Witzel sofrer impeachment por corrupção, Cláudio Castro assumiu, definitivamente, o governo do Rio de Janeiro
Fernando Frazão/Agência Brasil
8 de 16
Cláudio Castro não enviou representante à oficialização do Cosud
Luis Alvarenga/Divulgação
9 de 16
Polícia Civil criticou manobra de Castro para nomear diretor do Detran-RJ
Metrópoles/ Aline Massuca
10 de 16
Em março de 2021, no entanto, um ex-funcionário da empresa Servlog delatou ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que Cláudio Castro recebeu propina de um empresário investigado por corrupção enquanto ainda era vice-governador
Reprodução/Instagram
11 de 16
Após a delação, Castro se manifestou afirmando que processou o tal ex-funcionário e entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) pedindo a anulação do acordo feito pelo trabalhador. Em julho de 2022, o pedido foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ)
12 de 16
Também em 2021, a gestão do governador do Rio de Janeiro passou a ser investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por suspeita de fraude na compra de cestas básicas durante a pandemia. À época, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que o prejuízo aos cofres públicos poderia chegar a R$ 3,4 milhões. Por isso, impôs prazo de 20 dias para o governador se explicar, mas não obteve retorno
Aline Massuca/Metrópoles
13 de 16
O político, na verdade, só pode ser investigado na esfera criminal pelo Ministério Público Federal (MPF), por ter foro privilegiado
Reprodução
14 de 16
Polícia Civil criticou manobra de Castro para nomear diretor do Detran-RJ
Igo Estrela/Metrópoles
15 de 16
Recentemente, a série de reportagens do jornalista Ruben Berta revelou que o Executivo fluminense estaria empregando 9 mil pessoas em cargos secretos no programa social Casa do Trabalhador, que vem sendo usado como ativo eleitoral de Castro. O governador até agora não se pronunciou sobre o caso, repetindo a postura de silêncio que costuma adotar sobre denúncias acerca de seu governo
Foto: Carlos Magno/Governo do Rio de Janeiro
16 de 16
Agora, Cláudio Castro tentará reeleição em outubro de 2022