Bolsonaro diz que decisão de Moraes contra empresários foi “descabida”
Presidente voltou a sair em defesa de executivos que sugeriram um golpe de Estado a depender do resultado das eleições de outubro deste ano
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a operação da Polícia Federal (PF) contra empresários bolsonaristas que, em um grupo de troca de mensagens, defenderam um eventual golpe de Estado a depender do resultado das eleições de outubro deste ano. Neste sábado (27/8), em entrevista à CNN Brasil, na Bahia, o mandatário da República disse que a decisão foi “descabida”.
O titular do Palácio do Planalto não citou o nome do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação contra oito empresários. Bolsonaro disse, porém, que “uma pessoa” não pode “levar terror junto à população”. Ele ressaltou que “não existe golpismo” e voltou a defender “transparência” nas eleições.
“Não pode uma pessoa só, em uma canetada, levar terror junto à população, fazer operações descabidas em cima de oito empresários que produzem muito, trazem riquezas e pagam impostos para o país, e serem tratados como golpistas, tá? Não existe golpismo. O que nós queremos é transparência nas eleições. Havendo transparência, está tudo pacificado no Brasil”, afirmou Bolsonaro.
Na quinta-feira (25/8), durante sua tradicional live semanal, o presidente cobrou que Moraes apresente a “fundamentação” da decisão que autorizou a operação contra empresários. No dia anterior, durante agenda política em Minas Gerais, Bolsonaro ironizou a operação e cobrou um posicionamento de grupos que apoiaram cartas em defesa da democracia. “Cadê a turminha da carta pela democracia?”, provocou.
Entenda a operação
No início desta semana, a corporação cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de oito empresários que compartilharam mensagens golpistas em um grupo do WhatsApp, aplicativo de mensagens instantâneas. O material foi divulgado pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Em sua decisão, além da busca e apreensão de materiais, Alexandre de Moraes também ordenou:
- o bloqueio das contas bancárias dos empresários;
- o bloqueio das contas dos empresários nas redes sociais;
- a tomada de depoimentos dos envolvidos; e
- a quebra de sigilo bancário dos empresários.
As mensagens mostram que empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro começaram a defender um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também candidato à Presidência, vença as eleições de outubro.
Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou Bolsonaro em segundo lugar, com 32% das intenções de voto, enquanto Lula aparece em primeiro, com 47% das intenções.
Veja algumas das mensagens golpistas:
Importação de diesel da Rússia
Na mesma entrevista à CNN, Bolsonaro foi questionado sobre as negociações de importação de diesel da Rússia. No mês passado, o governo informou que estava negociando a importação de diesel da Rússia. Se confirmada, a medida irá na contramão de vários países que têm adotado uma série de sanções contra os russos — como o embargo a importações de petróleo e derivados — em razão do conflito com a Ucrânia, que já dura mais de cinco meses.
Segundo o presidente, a negociação com o governo russo continua e previsão é que o combustível chegue ao Brasil até setembro. O mandatário da República ainda disse que negocia a importação do diesel de outros países, sem citar quais.
“Continua a negociação [com a Rússia]. Acredito que até o mês que vem há uma possibilidade de começar a chegar aqui. Não vai influenciar diretamente no preço da bomba essa compra lá fora. Estamos também negociando com outros países para comprar o diesel”, afirmou Bolsonaro.
O Brasil é considerado estruturalmente “deficitário” em óleo diesel. No ano passado, por exemplo, quase 30% da demanda total do país veio de fora.
Historicamente, o consumo de diesel é mais alto no segundo semestre por causa das sazonalidades das atividades agrícola e industrial. Segundo fontes do governo, o Ministério de Minas e Energia já trabalha com a expectativa de que o uso do combustível neste ano supere a quantidade consumida em 2021.