Bolsonaro ironiza investigação de empresários: “Me bote no inquérito”
Presidente falou sobre o assunto em evento com líderes empresariais nesta terça, em Brasília. O caso foi revelado pelo Metrópoles
atualizado
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O presidente da República Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, classificou como “absurda” a operação da Polícia Federal (PF) contra empresários bolsonaristas que falaram em um eventual golpe de Estado. O mandatário ironizou a decisão, ao pedir que seja “incluído no inquérito” que investiga o caso, já que tinha contato com dois envolvidos.
A declaração ocorreu nesta terça-feira (30/8), durante o evento Diálogos com candidatos à Presidência da República, da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), em Brasília (DF).
“É inacreditável o que está acontecendo no Brasil. Coisa absurda sobre oito empresários. Me bote no inquérito porque dois eu tinha contato. O momento não é de a gente ficar quieto, é cada um fazer a sua parte, não aceitar, reclamando, apontando os problemas. É inacreditável o que está acontecendo no Brasil”, disse.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e investiga oito empresários bolsonaristas que, em um grupo de troca de mensagens, defenderam um eventual golpe de Estado a depender do resultado das eleições de outubro deste ano. O caso foi revelado pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles.
O mandatário também citou o caso do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo por ameaças a instituições democráticas.
“Quando vimos um deputados ser preso por nove anos. Falou besteira, falou? Nove anos de cadeia? Homicídio começa com 6 anos. Liberdade é algo sagrado pra nós”, acrescentou.
Liberdade de expressão
Em conversa com a imprensa, Bolsonaro continuou falando sobre a liberdade, que segundo ele está “sendo açoitada” pelo poder Judiciário.
“Liberdade de expressão ou você tem ou não tem. Quais são os limites? Até onde eu posso ir ou vocês podem ir? E se alguém ultrapassou, já tem a legislação para processar alguém por calúnia, difamação, injúria, seja lá o que for. A liberdade é algo sagrado para nós”, destacou.
O candidato à reeleição defendeu que nunca tomou medidas de tom golpista, e garantiu que não existe um gabinete do ódio para disparar ofensas.
“Ah o cara quer dar um golpe’…Alguma medida minha é golpista? Em algum momento viram aí movimentações? ‘Ah ele tem um gabinete do ódio’. Me aponte uma matéria ‘essa saiu do gabinete do ódio’. Não tem”.
Entenda a operação
No início de última semana, a corporação cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de oito empresários que compartilharam mensagens golpistas em um grupo do WhatsApp, aplicativo de mensagens instantâneas. O material foi divulgado pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Em sua decisão, além da busca e apreensão de materiais, Alexandre de Moraes também ordenou:
- o bloqueio das contas bancárias dos empresários;
- o bloqueio das contas dos empresários nas redes sociais;
- a tomada de depoimentos dos envolvidos; e
- a quebra de sigilo bancário dos empresários.
As mensagens mostram que empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro começaram a defender um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também candidato à Presidência, vença as eleições de outubro.