Zambelli admite influência do agronegócio nas pautas do meio ambiente
Na Comissão do Meio Ambiente, que preside, bolsonarista consulta ruralistas antes de colocar projeto para votar: “no aguardo da FPA”
atualizado
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À frente da Comissão de Meio Ambiente, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) é apontada pelos deputados ambientalistas como uma protetora do agronegócio na condução das pautas nesse colegiado. A parlamentar sempre negou.
Mas, num ato falho, numa reunião nesta semana, Zambelli admitiu atenção especial aos ruralistas ao reconhecer que deixou de pautar o projeto que impede o uso de cães na caça ao javali no Brasil, que é permitido por lei, porque está consultando antes da FPA (Frente Parlamentar Agropecuária), como é conhecida a bancada ruralista. A FPA, com apoio de entidades do agro, mantém até uma mansão de lobby em Brasília.
O autor do projeto a favor dos cães é Ricardo Izar (PP-SP). No final da reunião da última terça, ele inquiriu Zambelli e cobrou que inserisse o tema na pauta. Foi quando ela escorregou:
“Estou só esperando a FPA me responder. Qual o posicionamento deles”.
Izar rebateu:
“A FPA está mandando muito aqui”.
O deputado ruralista Jose Mario Schreiner (DEM-GO) tentou salvar Zambelli.
“A FPA que sustenta o Brasil, né Ricardo? É o Brasil que tem dado certo. Então é bom a gente escutar aqueles que ajudam nosso país e alimentam 210 milhões” – disse o parlamentar.
“E 1 bilhão de habitantes no mundo, né” – disse Zambelli, encerrando uma votação que se dava naquele momento.
O manejo do javali é autorizado por lei no Brasil desde 2013. O abate do animal é permito para controle de doenças e evitar destruição de plantações. O uso de cães na caça ao javali é contestado pelos defensores dos animais, que entender representar maus tratos aos cachorros.