A crítica aos juros praticados pelo Banco Central vem de família. Em passagem por Brasília, Frei Chico, 80 anos, irmão do presidente Lula, atacou a elite econômica que vive do rentismo e diz que o setor financeiro não quer colaborar. Foi numa entrevista exclusiva ao Blog do Noblat, registrada num vídeo.

O irmão do presidente diz que Lula enfrenta o pior início de seus três mandatos (os outros foram em 2002 e 2006) e diz que o petista pegou um país “destruído”.

 

“Está mais difícil que nos seus governos anteriores. O governo pegou um estado muito destruído. E na máquina interna ainda tem muita gente para atrapalhar. A diferença é que quem deixava (Fernando Henrique no caso) se preocupava com a administração pública. E esse agora (Jair Bolsonaro), não. Deixou um pessoal que só se preocupa com eles mesmos. Acham que o país é deles e fazem o que querem” – disse Frei Chico.

Ainda assim, Chico acredita que, diante do quadro, o balanço é positivo desses 90 dias.

“Mas está faltando divulgação. E não vamos nos iludir. Falta muita coisa para fazer. Talvez só no próximo mandato será possível avaliar”.

Ao falar de juros e do confronto de Lula com o Banco Central, o irmão do presidente afirmou que o país é dirigido por uma elite econômica, “que nem industrial é”. Como o governante, atacou os juros altos.

“É uma vergonha esses juros. Se eu atrasar meu cartão vou pagar 12% ao mês, quando a inflação do ano chega a 5%, a 6%. Agora um pouco mais. É uma contradição do capitalismo. Não estamos produzindo. Essa gente está  vivendo só do rentismo. O Brasil é carente e precisa de produção, das pessoas investirem. Alguns setores até colaboram, mas o setor financeiro não quer colaborar”.

Frei Chico criticou a oposição que Lula enfrenta no Congresso Nacional e lamentou a escolha de parte dos parlamentares. Atribuiu a ignorância e falta de informação a eleição de alguns congressistas.

“A gente não quer ofender ninguém não, mas o Brasil é isso. O povo elegeu esses caras. Em campanhas estúpidas. O povo sofreu de uma influência da ignorância, da falta de informação. Agora, administrar isso não é fácil não. O Lula e o governo tentam convencer pessoas mais sérias, que estão dispostas a salvar o Brasil de um naufrágio social. O Lula vai conseguir superar isso”.