metropoles.com

STF julga porte de drogas porque Congresso se omite

Julgamento pode ser retomado ainda nessa semana

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
GettyImages
Cigarro de maconha - drogas - redução de danos
1 de 1 Cigarro de maconha - drogas - redução de danos - Foto: GettyImages

Com o voto do ministro Alexandre de Moraes, o STF (Superior Tribunal Federal) retomou a discussão sobre a quantidade de maconha que diferencia o porte para uso pessoal do tráfico. Prontamente parlamentares criticaram a Corte, que estaria se intrometendo nas funções do Legislativo.

Essa queixa escancara a omissão do Congresso em debater questões sociais sensíveis sobretudo para a população mais pobre. Não surpreende, já que trata-se de uma maioria conservadora, branca, rica e com mais de 50 anos. Por que se preocupar com jovens negros sendo presos injustamente como traficantes? A vontade política de parte dos parlamentares concentra-se em garantir emendas para seus territórios eleitorais. O STF só age porque o Congresso se cala.

É didático trecho do voto de Alexandre de Moraes: “Por que por 30 gramas de maconha eu prendo o jovem da periferia por tráfico e deixo o jovem branco do Jardins livre por uso?”. O ministro apresentou estudos que evidenciam que o enquadramento após a apreensão de drogas varia de acordo com a idade, formação educacional e etnia.

A descriminalização significaria que o porte de maconha para consumo pessoal deixaria de ter punição. Pela lei de 2006, o porte de droga ilícita para uso próprio é considerado crime. Só não cabe mais a pena de prisão, mas a condenação a dez meses de medidas socioeducativas.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, classificou como “equívoco grave” a votação do STF,  e que qualquer alteração da lei é responsabilidade exclusiva do Legislativo. No Congresso, segundo o Estadão, há ao menos seis projetos de Lei que preveem endurecer as penas contra usuários e traficantes. O bolsonarismo já fala em plebiscito para que a população decida sobre temas como aborto e drogas. Mantém-se o mantra falido de que as drogas são somente um tema de segurança e ignora-se a saúde pública. O debate iria opor o discurso ideológico e a realidade. E parece que o Congresso quer se distanciar disso.

O julgamento foi suspenso a pedido do relator, Gilmar Mendes, que prometeu um voto de consenso sobre o tema. Mendes deve abordar também a discussão sobre outras drogas, já que a lei é genérica, enquanto ministros só debateram o caso da maconha. Espera-se que a votação seja retomada ainda esta semana.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?