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Sete respostas para você entender melhor as eleições deste ano

Quem ganhou até agora; a força de Bolsonaro; o futuro de Pablo Marçal; porque Lula se retraiu

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Imagem colorida de eleitores à espera para votar
1 de 1 Imagem colorida de eleitores à espera para votar - Foto: Luh Fiuza/Metrópoles @luhfiuzafotografia

A votação no domingo passado (6/10) deixou no ar algumas perguntas. Quem as responde em entrevista exclusiva a este blog é o cientista político, e presidente do conselho científico do Ipespe, Antonio Lavareda.

1. Segundo turno é uma nova eleição?

É a oportunidade que têm os eleitores dos candidatos derrotados no primeiro de escolherem o vencedor final da eleição. O segundo turno não é uma nova eleição, é a mera continuação do primeiro.

2. Quem ganhou a eleição até aqui, a direita ou o centro?

Nos estudos acadêmicos, apenas MDB, PSDB e o Cidadania se situam no centro do espectro ideológico. A levar-se isso em conta, o centro elegeu 14% dos prefeitos do país, e nas capitais, 19%. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, diz que seu partido é de centro, não de direita. É a opinião dele.

3. A direita saiu mais forte. Bolsonaro também ou nem tanto?

Bolsonaro teve sucesso em alguns lugares. Candidatos ligados a ele surpreenderam passando para o segundo turno, como é o caso de Curitiba, Goiânia e Fortaleza. Agora, em São Paulo, onde ele deu apoio a Ricardo Nunes – ressalte-se, um apoio importante, embora à véspera da eleição –, a demora e uma certa ambiguidade durante a campanha despertaram bastante polêmica no campo da direita. Isso afasta um pouco a leitura de grande sucesso do ex-presidente. De todo modo, o avanço do PL mostra o acerto da estratégia de Valdemar Costa Neto, seu presidente, em atrair Bolsonaro para suas fileiras. Se o PL não atingiu o número mágico de mil prefeituras – uma ambição meio desmedida de Costa Neto no início do ano –, de qualquer forma cresceu 49% e conseguiu mais de 500 prefeituras.

4. Pablo Marçal é um potencial candidato a presidente em 2026 ou está destinado a sair de cena?

O projeto de Marçal é presidencial. Imagine o que teria ocorrido caso ele não tivesse se candidatado a prefeito de São Paulo, se guardando para lançar uma candidatura à sucessão de Lula. Provavelmente, ele causaria a mesma surpresa, o mesmo tumulto e o mesmo pandemônio em torno da eleição de 2026.

5. A “marçalização” da política está em marcha como alguns acham?

A chamada “marçalização” da política ocorre e vai continuar. Não é um fenômeno apenas brasileiro. No hemisfério sul, ela representa uma manifestação do populismo da ultra direita digital, na sua face mais extremada, combinada com fortes pitadas religiosas. Marçal reflete um corte específico do movimento evangélico. Ele adiciona a tudo isso doses substanciais de histrionismo e muita violência, desconcertando os adversários. Até pelo efeito demonstração, é quase impossível que outros Marçais não surjam a curto ou a médio prazo. A candidata a prefeita de Curitiba, Cristina Graeml, é uma Marçal de saias, tirando a violência e outras coisas. Sem tempo de televisão, e com um discurso bastante à direita, ela terminou indo para o segundo turno com chances de se eleger.

6. O PT tem algo a comemorar no primeiro turno?

O que o PT tem a comemorar, e deve respirar aliviado por isso, é o fato de que a aliança com Guilherme Boulos lhe permitiu ajudar a pôr o candidato do PSOL no segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo. Sem o PT, Boulos perderia no primeiro. Não por acaso, os 29% de intenção de votos em Boulos no último domingo correspondem rigorosamente aos 20% que ele teve para prefeito em 2020, e mais os 9% de Jilmar Tatto, à época candidato do PT.

7. Por que Lula praticamente ausentou-se da eleição de prefeitos?

Há duas leituras: a primeira é que o PT não tinha candidatos com grandes chances de ir para o segundo turno, muito menos de vencer no primeiro, como se viu nas capitais. A exposição do presidente a esse desgaste previamente sabido não seria inteligente. Por outro lado, é preciso lembrar que Lula montou um governo com representantes da esquerda (PT, PCdoB, PDT, PSB), do centro (MDB, PSD) e da direita (Progressistas, Republicanos e o União Brasil). Esses partidos tinham seus candidatos país afora e houve grande pressão para que o presidente ficasse de fora dos palanques. No segundo turno, é inevitável que Lula participe de algumas eleições mais significativas, como as de São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre.

Foto colorida de Antonio Lavareda
Antonio Lavareda, cientista político e presidente do conselho científico do Ipespe

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