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Se depender das promessas dos candidatos, pouco mudará na Cracolândia

Humanizar o atendimento aos dependentes e combater o crime organizado são ofertados como novidade

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Imagem mostra fluxo de usuários de drogas da Cracolândia retido por grades colocadas pela PM - Metrópoles
1 de 1 Imagem mostra fluxo de usuários de drogas da Cracolândia retido por grades colocadas pela PM - Metrópoles - Foto: Divulgação/Ricardo Nunes

Desde os anos 1990 o centro de São Paulo é lembrado pelo seu abandono, financiado, em parte, pela especulação imobiliária. A Cracolândia é um de seus símbolos. São décadas de promessas e projetos sem continuidade. Nesse período é insistente a desumanização dos dependentes e ineficiência no combate ao crime organizado. Quais as propostas dos candidatos a prefeito para a Cracolândia em 2024?

O discurso do atual prefeito, Ricardo Nunes, é deixar tudo como está. Administra, junto com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) o espólio de equívocos e descasos dos governos do PSDB no estado e seus simulares de direita na capital. Uma das principais foi a descentralização do espaço de uso aberto de drogas.

Antes concentrada na região da Luz, onde também ficavam os esforços dos profissionais de saúde, espalhou-se para outros bairros da região central. A maior aglomeração  mudou-se para a Santa Efigênia, alterando a rotina dos moradores e impactando as vendas do comércio. Mas o prefeito comemora a redução do número de dependentes nesse lugar. Não é o que dizem estudos e trabalhadores que atuam na área.

Em janeiro de 2023, prefeitura e governo de estado divulgaram projeto de ação, comandado pelo vice-governador Felício Ramuth. Previa atendimento de saúde, moradia, geração de renda e mais câmeras e policiamento. As câmeras foram instaladas. Já os números das ações sociais ou não foram divulgados ou são difíceis de encontrar nos sites públicos.

Há denúncias de aumento de internações involuntárias e compulsórias em clínicas terapêuticas (boa parte bancadas com verba estadual e federal) e suspeitas de distribuição de bebida alcoólica, comida e refrigerante para convencer usuários a aceitarem serem internados. Existem também denúncias de que policiais estariam ganhando bônus com internações.

Guilherme Boulos já disse ser a favor das internações compulsórias, desde que decididas por um médico qualificado. José Luiz Datena não se pronunciou sobre o tema. Em relação aos dependentes, criticou a prefeitura por usar grades para cercar os usuários, chamando de campos de concentração.

Tabata Amaral propõe ampliar o número de médicos, enfermeiros e leitos psiquiátricos da rede municipal, defende um “tratamento humanizado e individualizado” e um programa para reconectar os usuários a suas famílias. Boulos promete criar um grande Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) móvel e o projeto “Casas Solidárias” para acolhimento de pessoas em tratamento ao invés do hotel social “um política emergencial”. Quer realizar também um programa de geração de renda com trabalhos de zeladoria, ação adotada por Haddad e prometida pela gestão Nunes.

Em sua primeira entrevista como candidato, Datena afirmou que “só Deus” resolve a Cracolândia. Depois ajeitou seu discurso, com ações para impedir que a droga chegasse ao centro – o que todos os candidatos dizem, cada um à sua maneira. Há poucas diferenças entre as promessas dos candidatos: integração entre secretarias e governo do estado, câmeras, mais policiamento. Ações que já se comprovaram ineficazes, mas que continuam sendo ofertadas ao eleitor como novidade.

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