“Salvo-conduto” de Múcio causa estranheza entre governistas
Ministro da Defesa tem falas destoantes sobre ataque golpista
atualizado
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A maneira como o presidente Lula (PT) lida com o ministro da Defesa, José Múcio, causa estranheza em parte dos governistas no Congresso Nacional. Deputados da base avaliam que as falas de Múcio em relação aos ataques golpistas de 8 de janeiro destoam da posição oficial do governo e que há um “salvo-conduto” do ministro.
Múcio teria a liberdade que outros ministros não têm para dar opiniões controversas sobre o levante bolsonarista há um ano. Ele não recebe “bronca” de Lula. Nessa segunda-feira (8/1), o ministro disse que os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica “não queriam o golpe, em nenhum momento se falou nisso”.
Mas a fala que causou estranheza foi o trecho da entrevista que o ministro da Defesa deu à GloboNews. À emissora Múcio chamou os golpistas de “inocentes úteis”, ao responder sobre quem seriam os idealizadores da insurgência. Também afirmou que “havia, de certa forma, uma vista grossa do Exército” com os acampamentos golpistas.
Ao jornal O Globo, em 5 de janeiro, disse que o clima do dia do golpe era de “um grande piquenique”.
“Havia um ambiente já de confusão. Ficamos bem perto das pessoas. Não havia um líder com quem negociar. Eram senhoras, crianças, rapazes, moças… Como se fosse um grande piquenique, um arrastão em direção à Praça dos Três Poderes. Foi um movimento de vândalos, financiados por empresários irresponsáveis”, disse José Múcio.
Essa última fala causou reação do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), vice-líder do governo Lula (PT) na Câmara. Em sua conta no X, disse que as declarações de Múcio são gravíssimas.