Saída de Geller de ministério dificulta diálogo de Lula com ruralistas
Agora ex-secretário de Política Agrícola, deixou cargo após ter nome envolvido em suposto caso de favorecimento em compra de arroz
atualizado
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O governo Lula (PT) sofreu uma dura baixa na equipe da Agricultura após o então secretário de Política Agrícola, Neri Geller, pedir demissão. Ex-deputado federal, Geller teve seu nome envolvido em um possível caso de favorecimento na compra de arroz importado.
O Palácio do Planalto disse que a demissão foi a pedido, mas a situação da última semana se tornou insustentável após o filho de Geller, Marcelo Piccini Geller, aparecer como sócio de Robson Almeida de França, um dos operadores do leilão de arroz.
“Hoje (11/06), pela manhã, o secretário Neri Geller me comunicou. Ele fez uma ponderação, que quando o filho dele estabeleceu a sociedade com essa corretora do Mato Grosso do Sul ele não era secretário e, portanto, não tinha conflito. Essa empresa não está operando, não está participando do leilão, não fez nenhuma operação e isso é fato também. Nenhum fato que gere qualquer tipo de suspeita. Mas que, de fato, gerou um transtorno e por isso ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição. Ele pediu demissão e eu aceitei” — Carlos Fávaro, ministro da Agricultura.
Por mais que seja considerada justa pelo governo Lula, a saída de Geller foi muito sentida pelo presidente. Durante as eleições de 2022, Geller foi o principal interlocutor do então candidato petista com o agronegócio. Ele chegou a ser cotado para o ministério hoje ocupado por Carlos Fávaro.
Ex-ministro da Agricultura de Dilma Rousseff (PT), Geller ainda tinha o papel de ser articulador entre Lula e os ruralistas. Ele foi um dos bombeiros durante a “crise” dos 11 vetos do presidente à Lei dos Agrotóxicos. Geller entrou em campo para explicar ao agro o motivo de Lula vetar os trechos, acatando as sugestões do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).