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Ruralistas do Dia do Fogo conseguiram R$ 200 milhões em financiamentos

Mesmo após infrações ambientais, propriedades foram financiadas por bancos públicos e privados

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1 de 1 Imagem colorida da seca no Amazonas - Metrópoles - Foto: Gustavo Basso/NurPhoto via Getty Images

Dados compilados pelo Greenpeace Brasil revelam que os 478 imóveis rurais envolvidos no “Dia do Fogo”, ocorrido no Pará entre 10 e 11 de agosto de 2019, continuam apresentando elevados índices de desmatamento e queimadas recorrentes. Apesar das infrações, 29 dessas propriedades receberam financiamento por meio do crédito rural, um instrumento da política agrícola brasileira.

Entre os 478 imóveis analisados, 29 possuem um histórico de financiamento via crédito rural, somando 127 transações e um valor total de R$ 201.418.002,16. A maior parte dessas operações, 74%, foi destinada à aquisição, criação e manutenção de bovinos, totalizando R$ 134.473.688,80.

Considerando os limites atuais dessas 29 propriedades, 37,9% registraram cicatrizes de queimadas durante cinco anos consecutivos (2019 a 2023), conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA/RJ).

Entre as instituições financeiras que concederam os financiamentos, foram identificados cinco bancos: Banco da Amazônia (responsável por 80,3% dos créditos analisados), Banco do Brasil (16,5%), Banco Cooperativo Sicredi, Cooperativa Sicredi Grandes Rios e Banco John Deere.

Um dos imóveis identificados, localizado em São Félix do Xingu, no Pará, recebeu quase um milhão de reais em crédito rural do Banco do Brasil para investimento em pastagem. Curiosamente, onze dias antes, a propriedade havia sido embargada e multada em mais de R$ 310 mil pelo Ibama devido ao uso ilegal de fogo sem autorização do órgão competente. A fazenda possui ainda outras autuações ambientais e multas, tanto do Ibama quanto de órgãos estaduais.

Entre os anos de 2008 e 2023 da série histórica de desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os 478 imóveis rurais catalogados concentraram 206.083 hectares de destruição. O ápice desse desmatamento registrado no interior dos imóveis foi justamente o ano de referência de 2019, onde, dias depois, se efetivou o episódio do “Dia do Fogo” na região. 

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