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Zelensky não foi ao encontro de Lula porque não quis, ou não pôde

O resto é choro dos derrotados nas eleições do ano passado

atualizado

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Ricardo Stuckert
Lula desembarca no Japão
1 de 1 Lula desembarca no Japão - Foto: Ricardo Stuckert

Lula não foi eleito para fazer o contrário do que prometeu fazer. Sua agenda não pode ser, portanto, a dos derrotados. São eles, principalmente eles, que o criticam, embora quem votou em Lula tenha também o direito de o criticar, e deve exercê-lo.

Lula retorna, hoje, ao Brasil, maior, menor ou do mesmo tamanho que foi como convidado a mais uma reunião do G7, grupo dos países mais industrializados do mundo, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido?

Os que votaram nele em 2022 para livrar-se de Bolsonaro, embora não todos, dirão que do mesmo tamanho ou maior; os que votaram em Bolsonaro, que Lula voltará menor. Tudo ok. A livre manifestação de pensamento é um dos marcos da democracia.

Por que menor, quase um anão? Porque ele teima em não se alinhar aos Estados Unidos na defesa incondicional da Ucrânia na guerra contra a Rússia, mantendo-se neutro. E porque – supremo pecado! – não se reuniu com Zelensky, o presidente ucraniano.

Zelensky é digital; Lula, analógico. Ele apareceu, de repente, em Hiroshima, local do encontro, virando a grande atração do evento, festejado por todos os chefes de Estado. Só Lula e os presidentes da Índia e da Indonésia não o trataram como celebridade.

Política é teatro, e Zelensky, antes de se eleger, foi um ator de sucesso no seu país. Se, à época, fazia os ucranianos rirem de suas piadas, agora os lidera na resistência ao imperialismo russo, que tenta se apoderar de mais uma fatia gigantesca da Ucrânia.

Diante de Zelensky e dos demais líderes do G7, Lula condenou a Rússia de Vladimir Putin, culpando-a pela guerra. Mas outra vez pregou a paz dizendo que, no momento, e ao que parece, nem a Rússia nem a Ucrânia estão interessadas em suspender a guerra.

Lula aceitou reunir-se com Zalensky no fim da tarde do domingo, mas o mandatário ucraniano não apareceu, alegando “desencontro de agendas”. O que disse Lula a respeito:

“Tinha uma entrevista com a Ucrânia às 15h15 da tarde. Esperamos e ficamos sabendo que eles tinham atrasado. Enquanto isso, atendi o presidente do Vietnã. E quando ele foi embora, o presidente da Ucrânia não apareceu. Certamente teve outros compromissos e não pôde vir. Infelizmente, foi isso que aconteceu”.

“Não fiquei decepcionado, fiquei chateado porque eu gostaria de encontrar com ele e discutir o assunto. Por isso que eu marquei aqui no hotel. Mas veja, o Zelensky é maior de idade, ele sabe o que faz”.

Ou se prova que Lula mentiu ou se aceita como verdade o que ele disse. Lula disse mais, e não sem razão:

“A proposta da Ucrânia é de rendição da Rússia. A Rússia não vai aceitar. A proposta da Rússia é a rendição da Ucrânia, que não vai aceitar. Então é preciso criar as condições. E só será possível quando parar o tiroteio e os dois se sentarem à mesa”.

Lula limitou-se a reafirmar a posição tradicional do Brasil de independência e neutralidade política do Itamaraty desde priscas eras. Até os ditadores de 64 a respeitaram. Bolsonaro, não: visitou Moscou quando a Ucrânia já estava cercada.

Lula defendeu novamente a reformulação do Conselho de Segurança da ONU:

“A ONU não tem mais autoridade para manter a paz no mundo porque são os membros do seu Conselho de Segurança que fazem guerra. Vocês ouviram o discurso do presidente [americano] Biden e não se fala em paz”.

A questão ambiental pontuou as falas de Lula, que cobrou dos países ricos o respeito por acordos assumidos e não cumpridos:

“O Protocolo de Kyoto existe há quanto tempo? O Acordo de Paris existe há quanto tempo? E quantos países cumpriram com eles?”.

Enfatizou que o Brasil honrará o compromisso de zerar o desmatamento até 2030 e prometeu ajudar o mundo a combater o efeito estufa. A verdade é que o Brasil saiu do isolamento internacional em que viveu nos últimos quatro anos.

Os que não gostam disso, ou não gostam de Lula, que providenciem outro nome para derrotá-lo em 2026. Bolsonaro se tornará inelegível por 8 anos. A alternância no poder é também um dos alicerces da democracia; o golpe é uma agressão nojenta.

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