Volta-se contra Dallagnol a arma que ele usou para ferir Lula de morte
Aqui se faz, aqui se paga, às vezes
atualizado
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Tem o dia da caça e o do caçador. O do caçador foi em 14 de setembro de 2016, quando o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato, estava à caça de Lula. Lula seria condenado dois anos depois e ficaria preso 580 dias.
Naquela ocasião, diante de jornalistas ávidos por notícias e acostumados a repassar sem discussão o que ouvissem, Dallagnol apresentou um PowerPoint com o nome de Lula no meio, e em torno, 13 crimes supostamente cometidos por ele.
O número 13 identifica o PT. Lula era acusado de chefiar uma organização criminosa. A entrevista de Dallagnol foi transmitida ao vivo pelas principais redes de televisão e dezenas de emissoras de rádio. Na véspera, o procurador escrevera aos colegas:
“Melhor não usarmos a imagem do Lula, mas um quadrado escrito LULA simplesmente. Ou uma imagem de pessoa como as demais do gráfico, e embaixo LULA. Está ficando show”.
Foi um show, embora em março de 2022, por 4 votos contra 1, o Superior Tribunal de Justiça tenha condenado Dallagnol a pagar a Lula R$ 75 mil para reparar os danos morais que lhe causou. Fãs generosos do ex-procurador arcaram com a despesa.
O dia da caça foi ontem. O governo postou nas redes sociais uma réplica do famoso PowerPoint de Dallagnol, destacando suas próprias realizações desde 1º de janeiro último. No meio está escrito: “137 dias de governo”; e, em torno, 8 supostas ações.
Vingança é um prato que se come frio. O Tribunal Superior Eleitoral cassou o mandato do deputado Dallagnol com base na Lei da Ficha Limpa. Com base nessa mesma lei, Lula foi impedido de disputar as eleições de 2018, ganhas por Bolsonaro.
A qualquer momento, Dallagnol será obrigado a devolver o gabinete que ocupa na Câmara, as chaves do gabinete, a equipe de técnicos que o assessora e o broche oficial de deputado que carrega com orgulho na lapela do paletó. Aqui se faz, aqui se paga, às vezes.
Enquanto isso, nos corredores do Congresso, sussurra-se uma única pergunta: “E Moro, hein?”