Vice-governador do Mato Grosso espanca a mulher durante as férias
Empresário milionário, Otaviano Pivetta paga fiança para não ser preso e tenta abafar o caso, que acaba explodindo nas redes sociais
atualizado
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Do céu para o inferno.
Em 2014, a revista Forbes publicou a lista dos cinco políticos mais ricos do país – e o gaúcho Otaviano Pivetta, então prefeito de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, era o quarto, à frente de Paulo Maluf, ex-governador de São Paulo. Seu patrimônio líquido: 100 milhões de dólares. Origem de sua fortuna: o agronegócio.
No último dia 7, Pivetta, 62 anos de idade, vice-governador do Mato Grosso, atualmente sem partido, pai de seis filhos e avô de quatro netos, foi denunciado pela mulher, a advogada Viviane Cristina Kawamoto, com quem é casado desde 2019, de tê-la espancado na casa que tem em Itapema, litoral de Santa Catarina.
Divulgado ontem, um laudo de corpo de delito feito pelo Corpo de Bombeiros de Itapema comprovou a agressão sofrida por Viviane. Pivetta foi indiciado por crime de lesão corporal leve e responderá à ação no Fórum Criminal do município catarinense. A Justiça já abriu prazo para que o Ministério Público se manifeste.
O laudo apontou escoriações e hematomas na testa, nos braços e nas coxas de Viviane, que, depois da surra, acionou a polícia duas vezes. Na primeira, tão logo foi atendida, desligou o telefone sem nada falar. Na segunda, informou que fora agredida pelo marido. Policiais foram buscar o casal e o levaram para uma delegacia.
Pivetta negou que tivesse batido na mulher. Afirmou que ela se feriu ao morder uma de suas mãos. A todo o momento dizia aos policiais que era vice-governador do Mato Grosso e que não poderia ser preso. Uma vez detido, pagou uma fiança de R$ 6,6 mil e foi embora da delegacia na madrugada do dia seguinte.
A partir daí, usou o peso político do seu cargo e valeu-se de sua fortuna para impedir que o caso repercutisse no Mato Grosso. Contou para isso com a ajuda do governador Mauro Mendes (DEM), candidato à reeleição no próximo ano, que pretende mantê-lo como vice em sua chapa; e também de outros políticos.
Há uma semana, Pivetta soltou uma nota em que disse:
“O vice-governador Otaviano Pivetta e sua esposa Viviane Kawamoto Pivetta informam que o desentendimento em Itapema, Santa Catarina, no dia 7 de julho, se tratou de uma discussão de casal e o boletim de ocorrência registrado não condiz com o que realmente ocorreu. Otaviano e Viviane têm o mesmo defensor, que já está atuando para arquivar o caso. Por ser uma questão pessoal, o casal informa que o caso diz respeito apenas ao âmbito familiar”.
Há dois dias, Viviane postou um vídeo nas redes sociais negando que tenha apanhado do marido:
“Nós tivemos uma discussão de casal. Não foi uma agressão, nunca houve agressão. Meu marido nunca foi um agressor. Nós tivemos essa discussão, e por terceiras pessoas envolvidas no momento tomou essa proporção toda”.
Ontem, a primeira-dama do Mato Grosso, Virgínia Mendes, postou uma foto sua no Instagram segurando um cartaz onde está escrito: “Você não está sozinha”. O post foi apagado horas depois, mas reapareceu por volta das 21h.
Foi quando o caso, que parecia quase abafado, esquentou outra vez. No Instagram, Viviane escreveu desmentindo o que ela mesma dissera no vídeo:
Vocês assistiram ao vídeo? Perguntem à Secretária de Comunicação do Estado do Mato Grosso, Sra. Laice, [que] me pressionou para gravar um vídeo mentiroso. Aliás, ela mede as pessoas pela régua dela corruptível. Se você tem preço, eu tenho Valor, e ninguém me compra! Suja, rasteira, e viu e todo mundo precisa saber”.
Em seguida, Viviane postou uma foto da sua perna direita com marcas dos golpes que recebeu. Pivetta avançou pela madrugada tentando reduzir os estragos à sua imagem. O que mais ele teme é ser enquadrado na Lei Maria da Penha, que pune atos de violência contra a mulher. No próximo sábado, a lei completará 15 anos.