Vem por aí o Bolsa Família-2 para reeleger Bolsonaro
Mais dinheiro para os brasileiros mais pobres em troca de votos que garantam ao presidente Jair Bolsonaro a reeleição no próximo ano
atualizado
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Todas as pistas foram dadas pelo ministro Paulo Guedes, da Economia, justamente no segundo dia da primeira visita do ex-presidente Lula a Brasília desde que ele foi solto, suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, o que o devolveu à condição de candidato nas eleições de 2022.
Como se uma coisa nada tivesse a ver com a outra, Guedes disse em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, a pouca distância do hotel onde Lula tem recebido políticos para conversas ao pé do ouvido:
“O PT teve realmente a belíssima iniciativa de fazer um programa de transferência de renda importante. Ganhou quatro eleições seguidas merecidamente, porque fez a transferência de renda para os mais frágeis. Um bom programa, que envolvia poucos recursos e que tinha altíssimo impacto social, e que foi até inspiração para fazermos o dinheiro chegar na base.”
Elogio gratuito? Na política não há elogio gratuito. Nada há de gratuito na política. Foi a maneira sutil de Guedes anunciar com outras palavras que vem por aí o Bolsa Família-2, uma reedição com mais dinheiro do programa social que marcou os 13 anos e poucos meses dos governos Lula e Dilma.
Guedes ressaltou, porém, que o valor do Bolsa Família do PT não foi de R$ 600, como o auxílio emergencial no ano passado, porque não havia recursos disponíveis. E outra vez bancou o generoso. Foi Guedes em modo paz e amor:
“Na democracia, você dá mérito ao que for bem feito, mas explica por que não foi feito antes. O auxílio de R$ 600 não foi feito antes porque exige bases de financiamento sustentáveis no longo prazo. O próprio PT, que esteve no governo tanto tempo, não botou o Bolsa Família de R$ 600. Era R$ 170 porque o dinheiro tem que ser apanhado em outro lugar.”
Não disse em que outro lugar vai apanhar o dinheiro para aumentar o valor do Bolsa Família e financiar um novo programa destinado aos chamados “invisíveis”, pessoas que não têm emprego formal nem são cobertas por medidas de auxílio econômico governamentais. Mas que fará isso, sim, fará.
Esse é mais um efeito do retorno de Lula ao primeiro plano da política nacional. Se Lula pôs os pobres na agenda do país, Bolsonaro quer mostrar que sempre se preocupou com os pobres e que é capaz de encher os bolsos deles com muito mais dinheiro do que Lula.