Uma titica de presidente, que tanto mal fez ao país, quer fazer mais
Ele está de volta
atualizado
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Uma vez que nunca se distinguiu pela inteligência, mas apenas, quando militar, como um esforçado corredor de provas de curta distância, de apelido “Cavalão”, Bolsonaro deveria dar mais ouvidos às vozes experientes que o cercam e lhe querem bem.
Nem sempre as escutou nos quatro anos de desastroso governo, destinado a ficar para a História como o pior desde a redemocratização do país. Sei o que alguns devem estar pensando: que outros foram piores do que o dele. Quais?
O de José Sarney, que legou uma taxa gigantesca de inflação? O maior legado de Sarney foi a travessia da ditadura para a democracia sem retrocesso. Será lembrado por isso. Bolsonaro será lembrado por ter tentado fazer o caminho inverso.
Pior terá sido o governo de Fernando Collor, que ficou pela metade porque seu titular, acusado de corrupção, caiu? Collor abriu a economia do Brasil para o mundo. Bolsonaro associou-se à Covid-19 para deixar que morressem “os que tivessem de morrer”.
O segundo governo Dilma está longe de ter sido o pior só porque ela foi apeada do poder. Não foi a má gestão da economia que apressou sua saída, e sim a falta de disposição de Dilma para proteger o sistema político ameaçado pela Lava-Jato.
Enquanto a “faxineira” Dilma não hesitou em demitir ministros acusados de roubo e deu força à Lava-Jato, Bolsonaro acabou com a limpeza e pôs fim à operação comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro, esse também de tristíssima memória.
Antes de assumir a presidência, Bolsonaro e dois dos seus filhos já eram investigados no caso da rachadinha, que vem a ser o emprego de funcionários fantasmas em seus gabinetes de trabalho e a subtração de parte do salário pago a eles com dinheiro público.
As vozes experientes em torno de Bolsonaro queixam-se de ele estar fazendo tudo errado desde que o Tribunal Superior Eleitoral declarou sua inelegibilidade por oito anos. E quanto mais seguir errando, mais se arrisca a ser condenado em outros processos.
Sem apresentar provas, como de hábito, Bolsonaro voltou a falar sobre a suposta insegurança das urnas eletrônicas, sobre o golpe de 8 de janeiro que não teria passado de “uma grande armação”, e sobre a duvidosa eficácia das vacinas aplicadas contra a Covid.
Não satisfeito, posou para fotos nu da cintura para cima exibindo marcas da facada que levou em Juiz de Fora e cicatrizes de operações que sofreu. Pensa, com isso, despertar piedade. Aparece como fraco quando deveria aparecer como forte.
O país aguarda uma reforma tributária de verdade que nunca teve. As principais forças econômicas apoiam a proposta de reforma costurada pelo ministro Fernando Haddad, da Fazenda. É legítimo que ela sofra ajustes de última hora, é do jogo político.
E o que faz Bolsonaro? Orienta seu partido, dono da maior bancada de deputados federais, a sabotá-la. O Bolsonaro adepto do livre mercado foi invenção do economista Paulo Guedes para enganar os trouxas e animar os coniventes com a farsa.
Bolsonaro não mexeu um único dedo para aprovar a reforma da Previdência que o ex-presidente Michel Temer deixou pronta. A reforma foi aprovada pelo Congresso sob sua total indiferença. Ao cabo da carreira, Bolsonaro tenta causar novos estragos ao país.
Lula chamou-o de titica, que na melhor das acepções é uma pessoa ou coisa sem qualidade, sem importância ou sem utilidade. É o que de fato Bolsonaro é.