Um presidente que teme ser traído e que anda chorando muito
Bolsonaro está perdido
atualizado
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O que mais faz falta a Bolsonaro não são votos, nisso sempre se poderia dar um jeito, mas liberdade para impunemente distribuir notícias falsas, ele, seus filhos e os que engrossam suas fileiras.
É por isso que tanto defende a liberdade de expressão, o direito das pessoas de dizer ou escrever o que quiserem. É por isso também que baixa o cacete na Justiça, empenhada em conter as mentiras.
O kit-gay, lembra? Subtraiu ao PT milhares de votos e ajudou Bolsonaro a se eleger. Nunca existiu kit-gay, espécie de manual atribuído ao Ministério da Educação durante os governos do PT.
Mas, e daí? Existe tudo o que o distinto público queira que exista. Foi sempre assim desde que o primeiro macaco passou a andar sobre os pés e não mais de quatro.
Piorou depois que a internet deu voz e poder aos idiotas que antes só deitavam falação nos botecos, enchiam a cara e iam para casa. Ao auto engano, Bolsonaro deve em parte a sua eleição.
A cassação do mandato do deputado estadual Fernando Franceschini (PL-PR) por crime contra a verdade deixou Bolsonaro apavorado, não só por roubar-lhe sua arma mais afiada.
Para ele, a decisão do Supremo Tribunal Federal é sinal de que a Justiça quer vê-lo derrotado, e Lula eleito. Sem um novo mandato, ele teme ser preso, como Lula e Michel Temer foram.
Bolsonaro é paranoico, complexado, e sabe muito bem o que fez nos verões passados; e o que fizeram seus filhos e continuam fazendo, principalmente Flávio, advogado sem carteirinha.
Por mais que esteja disposto a gastar o que pode e o que não pode para ficar onde está, enxerga conspirações contra ele em cada esquina e desconfia que acabará traído em breve pelos aliados.
Seus nervos estão à flor da pele. Em vários momentos, parece escutar o que dizem seus conselheiros que recomendam calma e moderação. Em seguida, faz justamente o contrário.
Verdade que a turma que o cerca de perto está dividida. Tem os que sugerem que baixe a bola e que leve em conta as pesquisas encomendadas para consumo interno de sua campanha.
Tem os que sugerem o inverso, que dê mais ouvidos à sua própria intuição. Deu certo ou não deu há quatro anos quando nem ele mesmo imaginou que se elegeria? Pode dar certo outra vez.
Pilhado, Bolsonaro chora com frequência. Deus salvou sua vida para que ele salvasse o país, é o que diz, mas não foi generoso a ponto de poupar seu governo dos efeitos de uma pandemia.
Não admite, porém, que tenha errado uma única vez no combate ao vírus que já matou mais de 677 mil pessoas. “Acertei todas”, repete diante de plateias solidárias. Ele também se auto engana.