metropoles.com

Ufa! Quem veste farda não trai, apenas conta o que testemunhou

Ainda bem. A honra militar está salva

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Áudio filha Mauro Cid intervenção
1 de 1 Áudio filha Mauro Cid intervenção - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Havia uma pedra no meio do caminho que obrigava ao silêncio o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordem de Bolsonaro: militar que honra a farda não delata companheiros.

Por pior que tenha sido o mal produzido pelos companheiros, não os trai. Espírito de corpo é o que move o Exército. Deduro vai para o inferno. Homem que é homem aguenta tudo, impávido colosso.

Uma vez que o Exército deixou de ser um espaço privativo dos homens em 1943, a mulher que impõe respeito também não entrega os colegas. Pau que bate em Chico bate em Francisco.

Um exemplo? O general Augusto Heleno viu muitas coisas reprováveis nos quatro anos em que serviu a Bolsonaro como ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e não gostou.

Quando chamado a depor na CPI do Golpe da Câmara Legislativa do Distrito Federal, por acaso ele contou o que viu? Não. Calou-se. Não pôs em risco a sua dignidade. Aguentou firme, valente.

O general G Dias, por tantos anos responsável pela segurança de Lula, contou algo que deixou mal colegas de farda sob seu comando no 8 de janeiro passado? Não contou nem vai contar.

G Dias perdeu o cargo de chefe do Gabinete de Segurança Institucional, mas não entregou ninguém. Está comendo o pão que o diabo amassou, calado, viril, indiferente ao sofrimento.

É por aí que Mauro Cid está indo, segundo seu novo advogado e pessoas do seu círculo de amizade. Não toma a iniciativa de nada. Limita-se a responder o que a Polícia Federal lhe pergunta.

Você não vê diferença nisso? Um militar tem compromisso com a verdade. Ensinam os manuais do Exército que um militar pode desobedecer a uma ordem que considere injusta ou errada.

Sem entrar no mérito, não é o caso agora, isso caberá à Justiça esclarecer depois, Mauro Cid, dada à função que exerceu, sentiu-se obrigado a cumprir todas as ordens do presidente da República.

Pode ter se arrependido de não ter dito não a muitas, mas foi o presidente da República que as deu, o comandante supremo das Forças Armadas. Bolsonaro dizia que o Exército era seu.

Mauro Cid comandou tropas e não admitiu desrespeito às suas ordens. Hoje, comanda sua família que está aflita e em perigo. Até sua mulher já foi chamada a depor. É uma triste situação.

Eu sei que a defesa do tenente-coronel se fragiliza à medida que é exposta, mas fazer o quê? Empatia! Ponha-se no lugar dele: o que você faria a essa altura? É a saída que ele encontrou.

Só não pense que ele falará espontaneamente sobre o que não lhe perguntarem, isso jamais. Braço forte, ombro amigo, essas coisas, e por aí vai um homem vítima de um presidente golpista e ladrão.

Mauro Cid é vítima também da sua própria falta de caráter – mas a lei não obriga ninguém a ter caráter.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?