Tem cabeças a prêmio em Minas Gerais. Qual delas vai rolar?
É no que dá perdoar rebelião de gente armada e proibida de fazer greve
atualizado
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Há três meses, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais promulgou emenda à Constituição estadual que anistiou 186 policiais militares, expulsos da corporação por participarem do movimento grevista de 1997 da PM mineira, em Belo Horizonte. Eles poderão voltar a usar a farda.
Resultado: hoje, em Belo Horizonte e em diversos municípios do interior, policiais militares irão às ruas em protestos contra o governador Romeu Zema (Novo), que lhes prometeu aumento de salário, mas não deu ainda. Zema é candidato à reeleição. Tudo o que ele não quer a essa altura é uma greve de policiais.
Pior: o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Sousa Rodrigues, liberou no último sábado a participação de militares da ativa no movimento. Por meio de nota, Rodrigues afirmou que “se mantém, diuturnamente, engajado na defesa dos interesses e direitos da corporação. Trata-se de um evento legítimo”.
Na prática, Rodrigues é quem está à frente dos protestos. É o que ele dá a entender quando diz na nota:
“Continuaremos em franca negociação com o governo do Estado, que já reconheceu nossas perdas inflacionárias e busca soluções para a reposição da remuneração da tropa, que tem se desdobrado, inclusive na pandemia, para que o estado continue a ser referência em segurança pública. […] Que Deus nos abençoe”.
O que se indagava, ontem à noite, em troca de telefonemas de políticos mineiros: qual cabeça rolará primeiro? A do coronel rebelde e solidário com suas tropas, ou a do governador frouxo e acuado, que hesita em exercer sua autoridade? As duas estão a prêmio. Da cabeça de Zema, cuidarão os eleitores.