Tarcísio quer separar-se de Bolsonaro, mas não do bolsonarismo
A um político, peça-se tudo, menos que se suicide
atualizado
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“Tudo que vier do PT devemos ser contra”, disse Bolsonaro em reuniões internas do PL a propósito da reforma tributária. Pelo menos 20 deputados federais do partido não lhe deram ouvidos, nem cinco governadores eleitos no ano passado com o seu apoio.
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, lembrou a Bolsonaro que a proposta de reforma foi apresentada por Baleia Rossi (SP), presidente do MDB, e começou a tramitar no Congresso durante o governo passado – ou seja, o de Bolsonaro.
De nada adiantou. Bolsonaro repetiu em público que Tarcísio carece de experiência política assim como sua mulher, Michelle, e por isso ela não disputará a sucessão de Lula em 2026. As relações de Bolsonaro com Tarcísio jamais serão as mesmas.
Os dois em São Paulo obtiveram a mesma quantidade de votos válidos no segundo turno da eleição passada – 52%. Tarcísio deu um freio na sua campanha ao sentir-se eleito. Não quis atrair mais votos para não beneficiar com isso Bolsonaro.
Quem contou essa história foi o próprio Tarcísio a um grupo de amigos dele. A tarefa difícil que Tarcísio tem pela frente é se separar de Bolsonaro sem, no entanto, romper com ele. Vai precisar do voto dos bolsonaristas para se reeleger governador.
Se Lula chegar em 2026 com boa saúde e boa aprovação, Tarcísio não vai se arriscar a ser candidato a presidente. É moço, pode esperar que a fila ande. E sabe que os paulistas detestam quem se vale do governo estadual como trampolim para saltos mais altos.