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Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes se acocoram ante Bolsonaro

O candidato a vice que ninguém queria

atualizado

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Bruno Ribeiro/Metrópoles
Foto colorida do governador Tarcísio de Freitas ao lado do prefeito Ricardo Nunes e do ex-presidente Jair Bolsonaro na Rota - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do governador Tarcísio de Freitas ao lado do prefeito Ricardo Nunes e do ex-presidente Jair Bolsonaro na Rota - Metrópoles - Foto: Bruno Ribeiro/Metrópoles

Se dependesse do MDB, partido de Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, o vice na chapa de Nunes seria outro, e não o que foi anunciado ontem.  Como seria outro se dependesse do PP, do PSD, do União Brasil, do Republicanos do governador Tarcísio de Freitas e do PL de Valdemar Costa Neto.

Mas Bolsonaro bateu o pé e disse que o vice seria Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo (PL), ex-coronel da Polícia Militar paulista e ex-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), um bolsonarista raiz nunca testado nas urnas. E assim será para desgosto geral.

O vice de Nunes já manifestou apoio nas redes sociais ao impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Alexandre de Moraes, de quem Tarcísio se tornou amigo. Levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas e discursou contra a política de isolamento social em meio à pandemia da Covid-19.

À época em que comandou as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, batalhão de elite da Polícia Militar, o vice de Nunes defendeu que a abordagem policial deve levar em conta as diferenças entre moradores de bairros de elite e moradores de bairros da periferia da cidade, e quis extinguir a Ouvidoria da polícia.

Quando ocupava o cargo de presidente da Ceagesp, indicado por Bolsonaro, o vice de Nunes convidou veteranos da PM para um evento político, e disse em vídeo: “Não podemos permitir que o comunismo assuma nosso país”. A Corregedoria da PM instaurou um inquérito para apurar a conduta dele. Deu em nada.

A Ceagesp foi militarizada enquanto o vice de Nunes a presidiu. Ele nomeou 22 policiais militares para cargos comissionados. Não bastasse, alugou uma sala na sede da Ceagesp, na zona Oeste da cidade, para a instalação de um clube de tiro da empresa Seven Shooting Academia de Tiros e Comércio de Importação Ltda.

Espertamente, Nunes deixou para Tarcísio a tarefa de anunciar o nome do seu vice, e assim o governador o fez sem nenhum entusiasmo:

“É um nome que agrega muita qualidade. Tem uma trajetória ilibada na Polícia Militar, foi testado como gestor no Ceagesp e se saiu muito bem. Agrega, soma, e a gente está confortável com essa indicação”.

Na sua vez de falar, Nunes justificou-se:

“O Tarcísio passou a defender [o nome do ex-coronel] ,depois veio o Apoio do PP, do Republicanos, e fico satisfeito que foi uma decisão vinda do melhor ato da democracia, que é o diálogo. Já vou começar a procurá-lo para ajudar no plano de governo. Corajoso, determinado, ele não aceita questões de corrupção e crime organizado e estamos aí para enfrentar essas questões”.

O vereador Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de São Paulo, não disfarçou sua contrariedade com a escolha do ex-coronel:

“Temos que reconhecer que não há nenhuma experiência do vice na questão do teste de urnas. Cabe a ele agora fazer um grande trabalho e demonstrar que é merecedor do cargo de vice, fazer jus a isso. Vamos observar o que acontece daqui para frente”.

Felizes, felizes de verdade com o anúncio do vice de Nunes, ficaram os principais adversários do prefeito. Guilherme Boulos (PSOL) correu a postar nas redes sociais:

“A escolha do Coronel Mello Araújo para vice de Ricardo Nunes deixa claro que é Bolsonaro quem vai mandar na cidade caso o prefeito se reeleja. O nome do policial foi enfiado goela abaixo de Nunes e seus aliados e é assim que vai ser nos próximos quatro anos se deixarmos São Paulo se transformar numa filial da milícia.”

Tabata Amaral (PSB) declarou:

“Se o prefeito Ricardo Nunes resistiu ao nome do Ricardo Mello Araújo é porque não o queria como seu vice. Se foi forçado a aceitá-lo, é porque quem manda na sua candidatura é o Bolsonaro”.

A capital de São Paulo não é uma cidade bolsonarista. Em 2022, para presidente, deu a Lula 53,54% dos votos. E para governador, a Fernando Haddad (PT) 54,41%. Pesquisa Datafolha divulgada em 30 de maio último mostrou que Bolsonaro é um padrinho rejeitado por 61% dos eleitores da capital, contra 45% de Lula.

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