Tapem a boca de Bolsonaro se quiserem vê-lo derrotar Lula
Ou melhor: deixem ele falar à vontade
atualizado
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Quanto mais tenta explicar, Bolsonaro mais se enlameia com o caso das adolescentes venezuelanas refugiadas no Brasil, com as quais, segundo ele, “pintou um clima”.
Em desespero, Bolsonaro sempre corre para debaixo da saia de Michelle, a primeira-dama “terrivelmente evangélica”, responsável pela locução do marido “imbrochável” com o divino.
Verdade que ele, católico de nascimento, evangélico por conveniência, só dá bola à religião para atrair apoios. Não pode ser um religioso sincero quem não valoriza a vida alheia.
Sob o olhar cúmplice de Michelle, e de uma mulher tratada por ele como embaixadora de um governo inexistente na Venezuela, Bolsonaro gravou um vídeo pedindo desculpas.
Desculpas pelo que fez ao dizer que “pintou um clima” e que as adolescentes de 14 e 15 anos, moradoras de uma cidade-satélite de Brasília, “arrumadinhas”, eram garotas de programa?
Não. Desculpou-se dizendo que suas frases foram “tiradas de contexto” pela esquerda. Com outras palavras: se cometeu algum erro, sente muito, mas foi culpa dos adversários.
Política se faz à base de mentiras, Bolsonaro já disse em vídeo que rola nas redes sociais. Duvida? Dê um google e achará o vídeo. Vai ver que suas frases foram novamente “tiradas de contexto”.
Frases de Lula são retiradas de contexto todo dia no programa de propaganda eleitoral de Bolsonaro no rádio e na televisão, mas isso não é pecado, nem crime. Deixemos Lula em paz.
Bolsonaro contou no vídeo com Michelle que ao constatar como viviam as adolescentes venezuelanas, mandou que Damares Alves, à época ministra da Mulher e dos Direitos Humanos, as visitasse.
E que Damares foi. Elas estavam em um centro destinado a socorrer refugiados e a abrir as portas do trabalho para eles. Bem, se assim conferiu Damares e prestou contas a Bolsonaro…
Então por que ele, na última sexta-feira (12), em entrevista a um canal evangélico, repetiu que as adolescentes eram garotas de programa? O que Bolsonaro disse exatamente:
“Todas muito bem arrumadas, tinham tomado banho, estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam se arrumando para quê? Alguém tem ideia, quer que eu fale? Para fazer programa. Vocês acham que elas queriam fazer isso? Qual era a fonte de sobrevivência delas? Essa”.
Em resumo: há dois anos, a pedido de Bolsonaro, Damares visitou as adolescentes e constatou que não eram garotas de programa, mas refugiadas venezuelanas.
Mas na semana passada, em canal evangélico, Bolsonaro repetiu que as adolescentes eram, sim, garotas de programa. Terá Damares mentido para ele? Improvável.
Bolsonaro não hesitou em continuar destruindo a reputação das adolescentes para posar uma vez mais de campeão da moralidade pública e defensor intransigente dos valores da família cristã.
É esse o presidente que temos há quase quatro anos. Um farsante abjeto. Um homem que age ou que agiu como pedófilo. Se isso não o incomoda, vote nele e seja feliz.