Tanto barulho em torno da reforma eleitoral para nada
Às vésperas de ano eleitoral, muda-se a lei para que na verdade tudo permaneça mais ou menos como está
atualizado
Compartilhar notícia
Aprovado na Câmara dos Deputados o texto-base da reforma eleitoral, o Senado está inclinado a rejeitá-lo quando o receber. Poderá fazê-lo sem sequer votar. Basta deixar que o tempo passe.
Para que possa valer na eleição do ano que vem como pretendem seus inspiradores, a reforma teria de ser aprovada pelo Senado e sancionada pelo presidente da República até o fim de setembro.
Na última hora, tiraram da sala o bode chamado de “distritão”, sistema pelo qual só seriam eleitos os candidatos mais votados por estado, enfraquecendo os partidos e estimulando o personalismo.
O bode foi posto na reforma para facilitar as negociações em torno de outros pontos. Acabou derrubado por 423 votos a 35. No passado, a Câmara já o havia rejeitado duas vezes.
Trocou-se o bode pelo retorno das coligações proporcionais de partidos proibidas desde 2017. Elas salvam da extinção siglas com poucos votos. O Brasil tem mais de 33 partidos.
Às vésperas de eleições, é sempre assim. Muda-se a legislação a pretexto de melhorá-la, mas na verdade para atender aos interesses de ocasião dos partidos mais fortes.
De fato, muda-se para que nada ou pouco mude.