Tabata Amaral, a dama de ferro, dispara seus últimos cartuchos
Política não se faz com raiva
atualizado
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Somente Ricardo Nunes(MDB), que aspira a um novo mandato, tem de fato muito a perder caso fique de fora do segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo. Nunes é um prefeito acidental. Era vice de Bruno Covas (PSDB), que morreu de câncer em 2021. Então, Nunes assumiu e governa sem nenhum brilho.
É dono de uma empresa de controle de pragas que atua na desinfecção de cargas importadas e exportadas. Destacou-se por ser contra a inclusão de temas de sexualidade e gênero no Plano de Educação de São Paulo. Dos que dizem que votarão nele no dia 6, apenas 16% estão convictos da escolha que fizeram.
Os adversários de Nunes, mesmo se derrotados, não ficarão tão mal como ele. O passe de Pablo Marçal (PRTB) está sendo disputado por partidos da direita que pretendem lançá-lo à presidência da República em 2026. José Luiz Datena (PSDB) retomará seu emprego na TV Band, de onde não deveria ter saído.
A economista Maria Helena (NOVO)… Bem, essa não conta. Virou boca de aluguel de Marçal durante os debates entre os candidatos. Passou pela campanha praticamente sem ser notada. Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), ambos deputados federais, no mínimo se reelegerão com mais votos daqui a dois anos
O que não quer dizer que estejam conformados. Boulos tem chances reais de disputar o segundo turno com Nunes ou Marçal. Tabata, que na mais recente pesquisa Datafolha apareceu com 9% das intenções de voto, atrás de Nunes (27%), Boulos (25%) e Marçal (21%), imagina que ainda tem chances.
A política engana mais do que o amor. O candidato é um narcisista. Apresenta-se como o melhor de todos. Acaba acreditando no que diz. Se não acreditar, poucos acreditarão. “Os grandes artistas impõem à humanidade a sua ilusão particular”, ensinou Guy de Maupassant, escritor e poeta francês.
Nessa reta final, Tabata acredita que batendo duro em Boulos poderá atrair os votos anti-Boulos que no momento estão com Nunes. Digamos que seja bem-sucedida, o que não é provável. O mais provável é que perca parte dos votos que tem hoje. Os eleitores, infelizmente, não gostam de votar em quem vai perder.
Se Tabata tomar de Nunes os votos anti-Boulos, quem mais lucrará com isso será Marçal. Nunes e Marçal correm embolados pela raia da direita. Boulos corre sozinho pela raia da esquerda, e Tabata não lhe faz sombra. Como ela votaria em um eventual segundo turno que reunisse Boulos e Marçal? Ou Marçal e Nunes?
Entre as ilusões da política, uma das mais correntes é a de que o líder derrotado transfere seus votos para o candidato que vier a apoiar depois. Mas quando ele pensa em dar voz de comando, cadê os votos que estavam aqui? Os eleitores já migraram à sua revelia e o deixaram chupando os dedos. Política não se faz com raiva.