Sergio Moro e João Doria escolhem Lula para saco de pancada
Há derrotas inevitáveis e outras que erros explicam
atualizado
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No seu pior momento, condenado e preso há meses em Curitiba, acusado de roubar e de deixar roubar, Lula liderava todas as pesquisas de intenção de voto faltando cerca de 40 dias para o primeiro turno da eleição presidencial de 2018.
Acreditava que concorreria à eleição na condição de sub-judice. E que uma vez eleito, a Justiça não teria peito para impedi-lo de assumir o cargo. Ela o tornou inelegível antes, e ele foi obrigado a ceder o lugar a Fernando Haddad, derrotado por Bolsonaro.
Salvo o acaso, Lula será o candidato mais votado em outubro E a manter-se o quadro atual, poderá liquidar a fatura no primeiro turno. Há um ano, Bolsonaro era favorito a se reeleger. Hoje, corre o risco de ficar de fora de um eventual segundo turno.
Em quem você concentraria seu poder de fogo durante a campanha caso fosse um dos candidatos a presidente pela chamada terceira via? Em Lula ou em Bolsonaro? Igualmente nos dois? Seu desafio seria provocar um segundo turno e disputá-lo.
O ex-juiz Sergio Moro é pré-candidato desde que se filiou ao Podemos em novembro último. João Doria, governador de São Paulo, é candidato desde que nas prévias do PSDB venceu Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.
Moro é o terceiro colocado nas pesquisas, na faixa dos 6% a 8% das intenções de voto. Doria está na rabeira com algo como 3%. Moro e Doria dão sinais de que escolheram Lula para principal saco de pancada, não Bolsonaro em situação bem mais frágil.
Faz sentido? Parece que não. Em 2002, José Serra, candidato do PSDB contra Lula, era apoiado pelo presidente Fernando Henrique. Fora ministro da Saúde. Mesmo assim apresentou-se como o candidato da mudança, não da situação. Perdeu.
Teria sido eleito como candidato da situação? Dificilmente. O governo àquela altura era muito mal avaliado. Só restou a Serra distanciar-se dele sem, no entanto, distanciar-se em excesso. Venceu Lula, que era de fato o candidato da mudança.
Há derrotas inevitáveis por mais que as campanhas sejam bem conduzidas. Há outras que erros cometidos explicam o resultado. Só depois se sabe. Não há ciência no que tem por base a emoção, nem pode haver. A história se conta depois que ela acaba.