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Pós-verdade e fake news, tudo a ver

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Arte sobre foto Reprodução e Igo Estrela/Metrópoles
Jair Bolsonaro Adélio Bispo agressor facada candidato
1 de 1 Jair Bolsonaro Adélio Bispo agressor facada candidato - Foto: Arte sobre foto Reprodução e Igo Estrela/Metrópoles

Se os bolsonaristas raiz, os enrustidos e os antipetistas fervorosos recusam-se a acreditar até hoje que seu líder sabotou o combate à epidemia da Covid, roubou joias do acervo da Presidência, conspirou para derrubar a democracia e tentou dar um golpe de Estado, por que acreditariam que Adélio Bispo agiu sozinho quando em 2018 esfaqueou Bolsonaro em Juiz de Fora?

Pela terceira vez desde a facada que ajudou Bolsonaro a se eleger presidente, a Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho e pediu arquivamento do caso em definitivo. Como sempre correndo atrás da notícia, a CNN Brasil cedeu espaço para que Bolsonaro dissesse o que pensa a respeito. E, sem ser contestado, ele disse:

“O delegado, dono da investigação, que concluiu o caso do Adélio, é diretor da Polícia Federal, cuja diretoria está 100% empenhada em me perseguir. O Adélio tem passagem pela Câmara, e a PF não investigou; o Adélio foi atrás do Carlos [Bolsonaro] em Santa Catarina, em uma escola de tiro; quem pagou a passagem para ele? Como ele sabia dessa informação? Ninguém investigou. Se fosse alguém da direita, iriam revirar a vida da pessoa. Infelizmente, uma parte da Polícia Federal, hoje, é resultado de uma PF que tem lado.”

Nos vários documentos que compõem a investigação, a Polícia Federal citou pontos que desmontam a suspeita de participação de outras pessoas no crime cometido por Adélio. A saber:

Diversas imagens de câmeras de segurança em Juiz de Fora ou feitas por pessoas que as publicaram nas redes sociais não mostraram a participação de outras pessoas no episódio;

Foram analisados 2 terabytes de imagens, incluindo mais de 150 horas de gravação e 1.200 fotos;

* Foram averiguados mais de 250 gibabytes de informações em mídia, incluindo dados de celulares e computador, além de 600 documentos;

* Também foram analisadas mais de 6 mil comunicações de mensagens instantâneas;

* Computadores da lan house que Adélio frequentava foram periciados;

* 40.508 mensagens nas contas de e-mail de Adélio a partir de 2016 não mostraram a participação de outras pessoas;

* Foi periciado o celular de uma pessoa crítica a Bolsonaro que havia sido apontada por um bolsonarista como um cúmplice de Adélio, mas não se encontrou nenhum indício que sustentasse isso;

* A análise das imagens disponíveis também não mostrou a participação dessa mesma pessoa no crime;

* As mensagens do Facebook de Adélio não revelaram indícios de participação de outras pessoas;

As quebras de sigilo bancário não revelaram aportes suspeitos, e o único valor que chamou atenção foi, na verdade, fruto de uma ação trabalhista movida por Adélio;

Houve 17 quebras de sigilo telefônico, das quais 12 de números diretamente relacionados a Adélio;

* O curso de tiro de Adélio fez foi custeado por ele mesmo;

* Foi feito um cruzamento entre informações nos celulares de Adélio e dados cadastrais de 16,2 milhões de pessoas filiadas a todos os partidos políticos e nada se encontrou.

Dirão os mais fanáticos bolsonaristas: “E o advogado de Adélio? Não foi investigado?” Resposta da Polícia Federal: “Foi. Comprovamos, sim, a vinculação desse advogado com o crime organizado (PCC), mas nenhuma vinculação desse advogado com a tentativa de homicídio do ex-presidente”.

Escolhida em 2016 pelo Dicionário Oxford como “a palavra do ano”, pós-verdade “é um neologismo que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais.” Pós-verdade, fake news e bolsonarismo têm tudo a ver.

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