Ricardo Salles foi atropelado pela boiada que deixou passar
Elogiado num dia pelo presidente da República, no outro o ex-ministro do Meio Ambiente foi forçado por ele a demitir-se
atualizado
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O ministro mais querido do presidente Jair Bolsonaro por cumprir seus desejos ao pé da letra, finalmente deu lugar a outro que pensa como ele, ou melhor, como Bolsonaro quer que pense.
Na véspera, Bolsonaro havia feito uma declaração de amor a Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. No dia que não terminou, Bolsonaro simplesmente o mandou embora.
Nada de original. No dia em que Fabrício Queiroz foi preso na casa do advogado da família Bolsonaro, o presidente demitiu o desgastado ministro Abraham Weintraub, da Educação.
Duas perdas que Bolsonaro sentirá muito. Weintraub foi recompensado com um cargo de diretor do Banco Mundial, em Washington. Ganha em dólar. Salles ficará ao Deus dará.
Bolsonaro antecipou-se a novas descobertas sobre o envolvimento de Salles com contrabando de madeira nobre da Amazônia. O inquérito foi aberto nos Estados Unidos, e só depois aqui.
O Supremo Tribunal Federal estava pronto para ordenar que Salles se afastasse do cargo. A lama que começou a encobrir Salles poderá respingar no próprio Bolsonaro.
Foi melhor para o ex-ministro. Assim, não correrá mais o perigo de ser julgado pelo Supremo. Seu caso irá para a justiça comum onde tudo é mais lento e sujeito a pressões.