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Resistência do PT a Alckmin facilita a guinada de Lula para o centro

Manda quem tem voto, e é o ex-presidente que tem

atualizado

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Lula e Alckmin se abraçam em jantar em São Paulo, realizado em restaurante pelo grupo Prerrogativas - Metrópoles
1 de 1 Lula e Alckmin se abraçam em jantar em São Paulo, realizado em restaurante pelo grupo Prerrogativas - Metrópoles - Foto: Divulgação/ Ricardo Stuckert

Até ontem, o manifesto que corre dentro do PT contra a candidatura de Geraldo Alckmin a vice-presidente da República na chapa de Lula havia recolhido quase 500 assinaturas de nomes da esquerda do partido. Sim, o PT é um partido de esquerda, mas dentro dele tem gente menos ou mais à esquerda.

É assim desde sua fundação quando ali se juntaram sindicalistas, egressos de outros partidos ou facções que combateram a ditadura militar de 64, acadêmicos e membros das comunidades eclesiais de base da parte progressista da Igreja Católica. Sim, porque a Igreja tinha ainda uma parte moderada e outra conservadora.

Lula aprendeu nos últimos 42 anos a navegar nesse mar turbulento de opiniões, ora fazendo concessões a um lado ou a outro, ora se guiando por sua própria cabeça. Se não fosse positivo o saldo das posições que adotou não teria se elegido presidente duas vezes e não teria chances de se eleger pela terceira vez.

A oposição da esquerda do PT à composição com Alckmin não será problema para Lula. Pelo contrário. Servirá para que ele reforce a indicação de que uma vez eleito governará pelo centro, como de resto fez entre 2003 e 2009. Os petistas de peso que governaram com ele já sabem que não governarão novamente. Nenhum deles.

Caso tenham esquecido, deveriam lembrar-se do que Lula lhes disse em mais de uma ocasião tão logo se elegeu em 2002. A primeira foi em um hotel de São Paulo no dia seguinte à vitória e na presença do empresário mineiro José de Alencar, eleito vice-presidente. Lula abriu a reunião com uma advertência:

“Haverá lugar no governo para todos vocês, mas jamais esqueçam: somente eu e o José Alencar fomos votados”.

Empossado, em uma das primeiras reuniões do seu ministério, irritado com algo que ouvira, desabafou:

“Toda vez que fui pela esquerda me dei mal”.

Antônio Palocci, ministro da Fazenda, e José Dirceu, chefe da Casa Civil, eram seus braços direito e esquerdo. Isso não o impediu de antecipar a um amigo, às vésperas de estourar o escândalo do mensalão, como escaparia incólume:

“Dirão que meu governo acabou, mas vou dar a volta por cima. Primeiro, vou me livrar do Zé. Mais adiante, do Palocci”.

José Dirceu teve seu mandato de deputado federal cassado pela Câmara, e Lula pouco se mexeu para salvá-lo da degola. Palocci, meses depois, caiu alvejado pela denúncia de um caseiro de que frequentava uma mansão de Brasília, palco de festas com prostitutas e de nebulosas transações.

O manifesto contra Alckmin não lhe custará uma noite de sono. É como admitiu José Dirceu há pouco tempo, goste-se disso ou não: “Não existe PT, só existe Lula”.

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