República da Muamba e dos Camelôs está cada vez mais com medo
E se Mauro Cid delatar?
atualizado
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O que foi pior para os envolvidos no roubo das joias do Estado brasileiro vendidas no exterior para enriquecer ainda mais o ex-presidente Jair Bolsonaro, e recompradas para tentar salvá-lo da acusação por mais um crime?
O pior foi a confissão do muambeiro assumido Frederick Wasseff, ou Wasséfalo, como passou a ser chamado o estridente advogado de Bolsonaro e dos seus filhos? Ou pior foi a incisiva entrevista concedida pelo novo advogado do tenente-coronel Mauro Cid?
Wasséfalo tentou explicar sua participação no episódio amplamente documentado pela Polícia Federal – e deu-se mal. E deixou em maus lençóis os que imaginavam até outro dia que dormiam em berço esplêndido, a salvo de processos e de prisão.
Em nota distribuída no domingo (13), primeiro Wasséfalo disse:
“Nunca vendi joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei e ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda”.
Segundo, no mesmo dia, ele acrescentou:
“Nunca vi esse relógio. Nunca vi joia nenhuma”.
Na terça-feira (15), confessou ter comprado por 49 mil dólares o Rolex de Bolsonaro que fora vendido em Nova Iorque:
“Usei do meu dinheiro para pagar o relógio. O meu objetivo, quando comprei o relógio, era cumprir a decisão do Tribunal de Contas da União”.
Não foi porque o tribunal ordenou a devolução das joias que Wasséfalo, com dinheiro do próprio bolso (é o que ele diz), recomprou o relógio. Foi para inocentar Bolsonaro no caso de roubo. Wassélo, portanto, mentiu novamente.
Há anos, teve a cara de pau de afirmar que Bolsonaro não sabia que ele escondia em sua casa Fabrício Queiroz, gerente da rachadinha. A Bolsonaro, não faltou cara de pau para dizer que desconhecia o paradeiro de Queiroz, procurado pela polícia.
O segundo abalo sofrido pela República da Muamba e dos Camelôs deveu-se a Cezar Bitencourt, recém-contratado para defender Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Bittencourt disse que seu cliente era apenas um assessor e cumpria ordens:
“Não sei se Jair Bolsonaro tinha, por exemplo, um vice-presidente, um secretário, um ministro que dava essas ordens. Temos que verificar de quem vinham essas ordens que eram dadas a Mauro Cid”.
Sobre uma eventual delação do militar, o advogado respondeu:
“Não está no nosso horizonte”.
Mas se ela se tornar necessária para tirar Mauro Cid da prisão? O advogado respondeu:
“[Nesse caso] vamos conversar”.
Uma delação de Mauro Cid detonaria de vez a República da Muamba e dos Camelôs e mandaria para a cadeia os golpistas do 8 de janeiro.