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RECORDAR ENSINA – Um primor de frouxidão moral

(Publicado aqui em 29 de julho de 2004)

atualizado

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Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Fachada de um prédio espelhado
1 de 1 Fachada de um prédio espelhado - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

14:44

Vamos ao que disse o presidente do Banco do Brasil a propósito da compra de ingressos para um show que beneficiaria o PT:

“A compra existiu. O banco comprou mesmo. Não poderia ter sido feito? Acho que não.”

Aqui, ele deveria ter sido enfático: Não, o banco não poderia nem deveria ter comprado ingressos para um show que beneficiaria um partido político – pouco importa qual fosse.

“Onde o banco errou? Se errou, acho que foi depois disso [da compra]. Porque depois de ter distribuído os ingressos para os funcionários, identificou que atrás desse show existia um partido político. Aí acho que deveríamos ter tomado uma providência e dito: ‘Volta atrás, pega todos os ingressos de volta com os funcionários’”.

Se errou? Ele ainda duvida que o banco errou? Errou ao comprar e errou depois de ter sido denunciado por comprar. “Aí acho que deveríamos ter tomado…” Só acha? Não tem certeza de que os ingressos deveriam ter sido imediatamente recolhidos e devolvidos aos promotores do show?

“Não houve em nenhum momento do processo [de compra dos ingressos] nada que não seguisse as normas legais e processuais do banco.”

Não está em discussão se as normas burocráticas do banco num caso como esse foram feridas ou não. Discute-se se foi moralmente correta, se não violentou a ética a compra dos ingressos para um show cuja parte da renda seria embolsada por um partido – e, no caso, pelo partido do presidente da República. É óbvio que a compra dos ingressos foi imoral. É óbvio que a ética foi pelo ralo.

“A gente deveria ter tomado a decisão de voltar atrás. Talvez fosse o mais certo.”

Talvez? O presidente do banco ainda alimenta dúvidas a respeito? Outra coisa: ficará tudo por isso mesmo? Ninguém foi responsável por decisão tão desastrada e que expôs o governo ao desgaste? Mais um desgaste?

Sabe-se que a Diretoria de Marketing e de Comunicação do banco, em nota técnica assinada por sete executivos, deu parecer favorável à compra dos ingressos. No mínimo, temos aí sete responsáveis pela decisão desastrada.

O monólogo do presidente do Banco do Brasil é um primor de tibieza, frouxidão e condescendência com subordinados dele pilhados cometendo um ato condenável.

14:53

Perguntas idiotas que teimam em não calar:

E se a imprensa não tivesse descoberto a ajuda indireta dada pelo Banco do Brasil ao PT mediante a compra de ingressos para o show da dupla Zezé di Camargo & Luciano: o banco teria pedido seu dinheiro de volta?

E se a imprensa não tivesse descoberto que o Banco do Brasil se preparava para patrocinar a nova turnê da dupla Zezé di Camargo & Luciano que trabalhou de graça na recente campanha presidencial do PT: o patrocínio, no valor de R$ 5 milhões, teria sido negado como acabou sendo?

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