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RECORDAR ENSINA – Órfãos de Brizola vaiam Lula

(Publicado aqui em 22 de junho de 2004)

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida de Leonel Brizola - Metrópoles - Foto: Reprodução/Câmara

15:06

A vaia, como o aplauso, é uma forma legítima de manifestação em relação a qualquer coisa. Os cearenses, por exemplo, já vaiaram eclipse do sol. No Rio, uma pessoa foi vaiada porque se arrependeu de pular do alto de um prédio.

Em uma democracia, vaia e aplauso dirigidos a um político são formas corretas e aceitas de expressar contentamento ou insatisfação.

Lula foi vaiado e hostilizado há pouco por cerca de 200 pessoas no velório do ex-governador Leonel Brizola. Embora elas tivessem o direito de vaiá-lo, acho que foram descorteses.

Lula foi homenagear o líder delas. Atrasou sua viagem a Nova Iorque para fazê-lo. E estava, de fato, sentido com a morte de Brizola. Os dois estiveram mais juntos do que distantes desde 1989. Divergiram, mas sempre se respeitaram. Brizola foi mais hostil a Lula do que Lula a ele.

Quem esteve no velório de Brizola foi o presidente da República representando o povo brasileiro. Quem está sendo velado é o corpo de uma das personalidades mais importantes dos últimos 50 anos da história política do país.

Cabia mais sobriedade da parte dos que testemunharam a última homenagem do presidente da República  ao ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

03:07

De Brizola se poderia dizer que era personalista, tinha vocação para caudilho, foi tolerante com o comércio de drogas nos morros do Rio de Janeiro, alimentou intenções golpistas no passado e se manteve refém de velhas ideias sobre o desenvolvimento do país.

Dele, contudo, duas coisas não poderão ser ditas: que foi um político desonesto que de alguma maneira se envolveu com corrupção; e que em algum momento tenha posto em plano subalterno os interesses superiores do país.

Não foi um político de modismos. Nem cedeu a teorias importadas. Pelo contrário: combateu-as até quando parecia errado ou insensato combatê-las.

Se não realizou o sonho de presidir o país, realizou outro anunciado não faz tanto tempo assim: o de morrer em plena atividade política.

Um dia antes de baixar ao hospital, recebeu políticos em seu apartamento da avenida Atlântica e discutiu as próximas eleições. Não parecia bem de saúde – e não estava.

Morreu puxando o samba na avenida.

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