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Querem fazer de Lula uma nova versão de Biden, o que ele não é

Acidente doméstico, a que está sujeito qualquer um, vira instrumento de campanha

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Foto colorida do presidente Lula ao lado do líder dos EUA Joe Biden - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do presidente Lula ao lado do líder dos EUA Joe Biden - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert / PR

Desde que voltou à Brasília depois da alta hospitalar em São Paulo, Lula só fala sobre o acidente doméstico que poderia ter lhe custado a vida. Conta e reconta em detalhes como tudo aconteceu: primeiro, a queda no banheiro quando cortava as unhas, depois a dor de cabeça intermitente ao longo de quatro dias que antecedeu a descoberta de que padecia de uma hemorragia cerebral. Assim como se elegeu por um triz, Lula não morreu por um triz.

Parte da culpa foi dele mesmo, que adiou a ressonância magnética que deveria ter feito em Brasília na unidade do Sírio-Libanês. Ela teria mostrado o sangramento, e dado aos médicos a chance de começar a tratá-lo de imediato. Mas, não. Por ocasião da queda, a equipe médica do Sírio de São Paulo teve tempo para deslocar-se a Brasília e aqui socorrê-lo. No evento seguinte, devido à gravidade da situação, ele foi obrigado a viajar a São Paulo.

A viagem, em si, era arriscada. Lula embarcou já com distúrbio na fala e a suspeita de que fora vítima de um AVC. Tudo deu certo no fim. Mas a alta hospitalar acabou sendo antecipada por pressão do próprio Lula, e o retorno a Brasília também. Há chances de que ele venha a viver outro episódio igual ou parecido? Na medicina, nada é impossível, segundo disse Dr. Roberto Kalil, médico de Lula, que o empossou na presidência pela segunda vez.

É comum que uma pessoa que viu a morte de perto, ou que pensa ter visto, levar um bom tempo a rememorar o que passou. Eu sei o que é isso. Há 13 ou 14 anos, fui operado do coração no Sírio-Libanês em São Paulo e ganhei três pontes – duas safenas, uma mamária. Fui paciente do Dr. Kalil. Devo minhas pontes ao Dr. Fábio Jatene. Por mais de um mês, quer me perguntassem ou não, torrei a paciência de amigos a narrar como tudo se deu.

O medo da morte não vai embora de imediato, mas um dia vai. Lula é um colecionador de sustos brutais: um câncer na garganta que o deixou mais rouco do que sempre foi; o avião que sobrevoou a cidade do México por horas a fio para gastar combustível até poder aterrissar com segurança; a queda no banheiro, e finalmente. a hemorragia intracraniana. Mas a queda não foi devido à idade, como seus adversários políticos querem fazer crer.

Foi um acidente que pode ocorrer com qualquer um. Lula foi imprudente. Não tinha que fazer as unhas sentado num banco frágil, distrair-se e se inclinar para trás. Os mais velhos (eu sei bem disso) estão mais sujeitos a quedas. Mas, repito, não foi por estar na faixa dos 70 anos que Lula caiu,  foi por uma combinação infeliz de fatores: o banco, o peso do corpo jogado para trás, a batida da cabeça, não no chão, mas em uma superfície pontiaguda.

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, já tropeçou e caiu dentro da Casa Branca, tropeçou e caiu subindo uma escada de avião, mas não foi por isso que abdicou de ser candidato: foi porque ao participar de um debate com Donald Trump demonstrou estar senil. Lula não está senil, garantem os médicos, e é evidente que não está. Mas querem transformá-lo desde já em uma versão tropical de Biden para enfraquecê-lo em 2026.

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