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Queiroga, ministro da Saúde, escapa de ser preso na CPI da Covid

Marcelo Queiroga fala sob o juramento de dizer a verdade, o que se exige de quem depõe em CPIs. Não diz e omite informações

atualizado

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Antonio Luena
Antonio Lucena
1 de 1 Antonio Lucena - Foto: Antonio Luena

O ministro que não faz juízo de valor, Marcelo Queiroga, da Saúde, que depôs durante mais de sete horas à CPI da Covid-19, correu o risco de ser preso por não ter dito a verdade, além de omitir informações, segundo três senadores ouvidos por este blog, que preferem não ter sua identidade revelada.

A conversa a respeito da prisão correu solta aos cochichos e por telefone em parte do plenário da CPI constituído por 11 senadores. Alguns assistiram ao depoimento de corpo presente, outros em suas casas, em Brasília ou nos estados. Fora os governistas, os demais concluíram que o ministro mentiu além da conta.

Logo Queiroga ganhou entre eles o apelido de “Rolando Lero”, personagem da Escolinha do Professor Raimundo, interpretado por Rogério Cardoso na série original comandada pelo humorista Chico Anísio, e por Marcelo Adnet no remake de 2015. O comando da CPI achou melhor deixar Queiroga ir embora em paz.

Do ponto de vista político, sua eventual prisão só interessaria ao governo e à sua turma para tentar pôr fogo no país. Prisão é uma medida a ser adotada quando o depoente mente de forma escandalosa que choque todo mundo. E que cause indignação ao distinto público que a tudo assiste. Não seria o caso.

Mas que o general Eduardo Pazuello, o próximo ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro a depor, se acautele. Se ele mentir tanto ou mais do que Queiroga, poderá acabar preso. Ele sabe disso e é o que mais teme. Para não depor, inventou a desculpa de que teve contato com dois suspeitos de terem contraído o vírus.

Quer dizer: mentiu antes mesmo de começar a ser ouvido pela CPI. Está recolhido ao Hotel de Trânsito de Oficiais, em Brasília, em suposto isolamento para não contaminar ninguém. Mas foi ali, na manhã dessa quinta (6/5), que recebeu a visita de Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

Isso causou revolta em senadores da CPI, que chegaram a discutir sua condução coercitiva para depor. Por muito menos, antes de ser preso por ordem do então juiz Sergio Moro, o ex-presidente Lula foi sacado do seu apartamento em São Bernardo do Campo pela Polícia Federal e levado para depor no aeroporto de Congonhas.

Pazuello vai depor no próximo dia 19. Não interessa ao Exército que ele vá vestido com a farda de general três estrelas. Amigos de Pazuello o aconselham justamente a usar a farda para constranger os senadores. Para o ex-ministro, o ideal seria ser ouvido a distância. Tentou, mas não conseguiu, nem conseguirá.

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