Quando se pensa que Aras chegou ao fim do poço vê-se que não
Procurador-geral da República não decepciona nunca Bolsonaro
atualizado
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Mesmo tomando conhecimento de irregularidades na negociação da compra da vacina indiana Covaxin contra a Covid-19, a função do presidente da República não inclui a obrigação de comunicar a ocorrência de crimes, segundo Augusto Aras, Procurador-Geral da República, nomeado duas vezes para o cargo por Bolsonaro.
Com esse argumento, ele recorreu da decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, de indeferir o pedido de arquivamento de inquérito aberto contra Bolsonaro. Em meio à pandemia, à época em que o general Pazuello era ministro da Saúde, Bolsonaro foi informado sobre suspeitas de corrupção ali.
Cabe à Procuradoria-Geral da República a palavra final sobre a apresentação de acusação contra autoridades com foro privilegiado. É o caso do presidente. Sempre que Bolsonaro é alvo de acusação, Aras recomenda que ela não seja levada em conta. No caso da vacina, foi o que ele fez mais uma vez, e Rosa negou.
Então, Aras quer que Rosa submeta sua decisão ao exame do plenário do tribunal que ela integra junto com mais 10 ministros, dois deles, Nunes Marques e André Mendonça, indicados por Bolsonaro que, se reeleito, indicará os substitutos de Rosa e de Ricardo Lewandowski, os dois próximos a se aposentarem.
Aras tem a esperança de derrotar Rosa no plenário. Se concluir que poderá perder, um dos ministros assumidamente bolsonaristas, sendo Mendonça o “terrivelmente evangélico”, pedirá vista do processo, atrasando qualquer decisão a respeito. Bolsonaro anda dizendo coisas impublicáveis quando ouve falar em Rosa.