Privatização da Eletrobras subiu no telhado
Ponha na conta de mais uma promessa de Bolsonaro que poderá dar em nada
atualizado
Compartilhar notícia
Eleito com a promessa de privatizar grandes empresas estatais, Bolsonaro precisa de pelo menos uma para dizer que atendeu à recomendação feita pelo ex-Posto Ipiranga, o ministro Paulo Guedes, da Economia, que mantém parte de sua fortuna em um paraíso fiscal onde os impostos, quando existem, são baixos.
Guedes disse durante a campanha eleitoral de 2018 que o país obteria até 1 trilhão de reais com a venda de ativos. Cadê o dinheiro, a 8 meses do fim do governo? A privatização da Eletrobras, que poderia render 60 bilhões, foi escolhida como a tiara do que fora possível fazer, à falta de uma coroa portentosa.
O governo demorou a tocá-la, e demorou mais para enviar ao Tribunal de Contas da União todas as informações a respeito. Cabe ao tribunal a decisão final sobre a privatização. Deu no quê? O tribunal adiou a decisão por 20 dias, no mínimo. Em ano eleitoral, o Congresso se esvazia cedo e a privatização, ali, será votada.
Nos últimos dias, Bolsonaro, em pessoa, ligou para ministros do tribunal pedindo pressa em nome dos superiores interesses do país. E para alimentar a fúria dos bolsonaristas sinceros, porém radicais, Guedes insinuou publicamente que Lula telefonou a ministros do tribunal dizendo que era contra a venda da empresa.
Lula, de fato, é contra, e diz isso abertamente. Mas só a Agência Brasileira de Inteligência, de ouvidos atentos a tudo o que se conversa por telefone, é que poderia confirmar se ele acionou ou não ministros do tribunal. Mas, a Agência não fala, só escuta. Ou melhor: só fala a Bolsonaro e aos generais que o rodeiam.