Primeiro a gente ganha, depois a gente vê o que pode fazer
O que Napoleão ensinou
atualizado
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Estão tentando pegar pelo pé José Serra (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo, com essa história de que ele não tem um programa de governo. Ora, ele diz todo dia no rádio e na tv, e já disse em exaustivas entrevistas aos jornais, o que pretende e o que não pretende fazer caso seja eleito.
Vocês sabem como são feitos os programas de governo de candidatos com caríssimas assessorias? Primeiro, pesquisa-se o que vai na alma dos eleitores. Descobertas as necessidades deles, alinha-se um conjunto de ideias para satisfazê-las. Uma vez passada a eleição, o eleito vê o que pode e o que não pode fazer.
Li há muito tempo a resposta do imperador francês Napoleão a uma pergunta sobre o que ele faria caso vencesse determinada guerra:
“Primeiro, a gente ganha. Depois a gente vê”.
Tenho uma amiga chamada Luzanira Rego, jornalista nascida no Recife e que hoje mora em Londres. Foi ela quem fez o plano de governo do presidente angolano José Eduardo dos Santos.
Em 1992, trabalhávamos em Luanda na campanha do presidente e do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Éramos responsáveis pelo marketing da campanha comandado pelo baiano Geraldo Walter de Souza Filho.
A dois meses da estreia do programa de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, nos demos conta de que o presidente e o MPLA não tinham um programa de governo. Nunca haviam precisado de um.
Governavam um país em guerra desde a saída dos portugueses de lá em novembro de 1975.
Luzanira conversou com cada ministro, consultou a direção do partido e costurou um programa às pressas. Foi um sucesso.
(Publicado aqui em 25 de setembro de 2004)