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Prepare-se, Lula, para também ser culpado por ter sido eleito

Não terá sido ele que ganhou, mas Bolsonaro que perdeu

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O técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo posa com um cartaz de papelão de Lula
1 de 1 O técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo posa com um cartaz de papelão de Lula - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Lula é culpado de o Supremo Tribunal Federal ter anulado suas condenações e declarado Sergio Moro um juiz parcial. Também é culpado de processos contra ele terem sido arquivados por falta de provas ou porque simplesmente prescreveram. Onde já se viu?

Se Lula ousar se eleger neste domingo sem disputar o segundo turno, não pense que foi porque a maioria dos eleitores votou nele ou no seu partido acreditando que assim o Brasil ficará em melhores mãos. Foi para despachar Bolsonaro às carreiras.

Essa é a ideia posta a circular nos últimos dias pelos inconformados com o que pode acontecer, muitos dos quais consideraram uma escolha difícil entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) em 2018, e jamais gostariam de votar em Lula.

Os donos do dinheiro e seus porta-vozes parecem resignados com a eleição do ex-presidiário. Há quatro anos, votaram em Bolsonaro. E, agora, apostaram em um candidato da terceira via, mas nenhum decolou. Nem todos votarão em Lula, talvez alguns.

Mas quem tem dinheiro, embora não entenda de política (e ainda bem que não entende), não briga com quem possa se eleger. Não tem tu, vai tu mesmo. Negócios acima de tudo. Aceitam quem pelo menos dê sinais de que não vai atrapalhar. E Lula vem dando.

Varrido o mal que Bolsonaro representa, prepare-se Lula para voltar a ser culpado – desta vez porque venceu precocemente. É tradição dar-se um tempo ao presidente eleito para que comece a governar, e só depois cobrá-lo pelo que fez ou deixou de fazer.

O nome desse período de trégua é “lua de mel”. Dura cerca de 100 dias. No caso de Lula, não haverá lua de mel. É pau, é pedra, é o fim do acordo acidental. Lula não poderá errar. Não haverá paciência com ele. Com Bolsonaro, houve até a Covid aparecer.

A paciência com Fernando Henrique (PSDB) foi quase até o fim do seu segundo mandato, embora o segundo tenha sido muito ruim. Começou com um estelionato eleitoral: ele prometera não desvalorizar o Real. Foi a primeira coisa que fez depois de reeleito.

Dilma foi eleita sob clima de desconfiança, e reeleita sob enorme torcida para que perdesse. Derrubaram-na antes da metade do mandato. A tentação de ver logo Lula pelas costas alimenta a esperança dos que querem ver logo Geraldo Alckmin pela frente.

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