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Por que não te calas, Lula?

Chega de embromação

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
1 de 1 Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O que Lula pode dizer sobre a eleição fraudada na Venezuela que ainda não tenha dito desde o dia 28 de julho passado? Poderia dizer: a eleição foi roubada por Nicolás Maduro, o ditador travestido de presidente, mas não dirá. Cadê coragem para tal?

Poderia dizer: não reconhecerei a eleição de Maduro até que ele prove com números convincentes e não falsificados que de fato venceu. E como sei que ele não provará, não reconhecerei sua suposta vitória. Cadê coragem para tal?

Então, Lula prefere dizer o contrário do que sabe e pensa. E não hesita em repetir-se. Sobre a nota oficial do PT que parabenizou Maduro por sua reeleição, Lula disse ontem:

“Eu não concordo com a nota [do PT], eu não penso igual à nota. Mas eu não sou da direção do PT. O problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela”.

A deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, esteve com Lula horas antes de divulgar a nota. Ela nega que tenha consultado Lula a respeito. Dá para acreditar que não consultou? Dá para acreditar que Lula discordou do conteúdo da nota, mas ele foi mantido?

Lula pode não ser da direção do partido, mas o PT não ousa divergir publicamente dele. E nas poucas vezes que o faz, é um jogo combinado. Lula acertou ao dizer que “o problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela”, e por mais ninguém.

Ainda Lula:

“Teve uma eleição. A oposição fala ‘eu ganhei as eleições’, o Maduro fala ‘eu ganhei as eleições’. O que eu estou pedindo para poder reconhecer? Eu quero pelo menos saber se foi verdade os números. Cadê a ata, a aferição das urnas?”

Outra vez, Lula embroma. A oposição publicou 80% das atas eleitorais que dão ao seu candidato o dobro dos votos obtidos por Maduro. O Conselho Eleitoral da Venezuela, controlado por Maduro, tem os 20% restantes das atas, mas esconde. Lula sabe.

Quanto à natureza do regime venezuelano, Lula diz:

“Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que seja ditadura, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas neste mundo”.

Ditadura é ditadura, e é fácil identificar uma. Na democracia, os Poderes são independentes. Na Venezuela, Maduro manda no governo, no Congresso e na Justiça. Se não bastasse, manda nas Forças Armadas que viraram sócias dele. E manda na mídia.

Como Lula chamaria o regime brasileiro se Bolsonaro, que não reconheceu o resultado da eleição de 2022, tivesse ficado no poder com o apoio dos militares? Ele o chamaria de “regime muito desagradável” com “viés autoritário”, mas não de ditadura?

Seduzido pela própria voz, o coronel Hugo Chávez, que antecedeu Maduro no poder, falava muito. Uma vez, em Santiago do Chile, de tanto ver Chávez interromper a fala dos outros chefes de Estado ali reunidos, o rei Juan Carlos I, da Espanha, explodiu com ele:

“Por que não te calas?”

Lula já falou além da conta sobre a Venezuela. Por que não muda de assunto?

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