Por ora, voo rasante sobre o prédio do STF é uma ideia arquivada
A que ponto chega a insanidade de Bolsonaro ao sentir-se contrariado
atualizado
Compartilhar notícia
Conta quem testemunhou a conversa e espantou-se com a sugestão feita pelo presidente Jair Bolsonaro ao então ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva.
Sexta-feira, 26 de março último. Em despacho com o general no Palácio do Planalto, Bolsonaro queixou-se do pouco engajamento das Forças Armadas no seu governo.
Foi uma conversa demorada. A certa altura, Bolsonaro passou a falar mal do Supremo Tribunal Federal que, segundo ele, cerceava a maioria de suas ações. Estava quase apoplético.
Então teve uma ideia: por que um dos jatos supersônicos da FAB não dava um voo rasante sobre o prédio do Supremo na Praça dos Três Poderes? Isso aconteceu uma vez no passado por acidente.
O voo rasante estilhaçaria os vidros do prédio como da vez anterior. Serviria como aviso aos ministros, e como acidente novamente seria tratado. O presidente falava sério.
O general discordou da ideia e, alegando cansaço, marcou para retomar a conversa na segunda-feira, dia 29. Nesse dia, mal entrou no gabinete de Bolsonaro, ouviu dele que estava demitido.
Em carta onde anunciou sua saída do governo, Azevedo e Silva escreveu como se fosse uma mensagem cifrada que só poucos seriam capazes de entender:
“Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”.
Braga Neto, também general, sucedeu Azevedo e Silva. A pedido de Bolsonaro, sua primeira decisão foi demitir os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
A ideia do voo rasante sobre o prédio do Supremo foi arquivada, mas esquecida não.