Por ora, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, só atira para baixo
Culpa assessores pelo que lhe culpam
atualizado
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Como não pode arriscar-se a se expor, nem por celular (já teve um apreendido) nem ao vivo, Bolsonaro manda emissários sondar o estado de ânimo de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordem.
Os dois estão presos. Isso só preocupa Bolsonaro se um deles, ou os dois, contar o que sabe sobre sua participação nos preparativos do golpe de 8/1. No dia do golpe que fracassou, Bolsonaro, Torres e Cid estavam nos Estados Unidos, observando tudo de longe.
Torres depôs pela segunda vez à Polícia Federal e atirou para baixo. Culpou assessores pelo que está sendo acusado. Minuta do golpe apreendida em sua casa? Foi uma secretária que lhe deu. Em depoimento, a secretária desmentiu Torres.
Planilha com a votação do primeiro turno da eleição passada e os lugares onde Lula derrotou Bolsonaro com folga? Foi ideia da delegada Marília Alencar, diretora de Inteligência do ministério. Ela diz que foi Torres que encomendou a planilha.
O uso da Polícia Rodoviária Federal para barrar o acesso dos eleitores de Lula aos locais de votação no segundo turno? Torres disse que a polícia tinha autonomia operacional e que seu chefe, o militar Silvinei Vasques, lhe disse que foi tudo “normal”.
Normal assim: levantamento do Ministério da Justiça mostra que a Polícia Rodoviária Federal, entre 28 e 30 de outubro, fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde Lula era favorito, contra 571 no Sudeste, onde Bolsonaro ganharia com folga, como de fato ganhou.
Os passarinhos engaiolados estão nervosos. Uma hora cantarão.