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Pobre do Carluxo. Nunca soube que havia rachadinha no seu gabinete

Foi o que concluiu o Ministério Público do Rio de Janeiro

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
PF Carlos Bolsonaro
1 de 1 PF Carlos Bolsonaro - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Carlos Bolsonaro tem razões de sobra para ser o mais instável dos filhos do seu pai. Nem completou 18 anos, foi forçado por Bolsonaro em 2001 a lançar-se candidato a vereador do Rio com um único objetivo: derrotar a própria mãe, Rogéria vereadora, que disputava o terceiro mandato. Os pais haviam se separado.

Eleito, não era Carlos quem mandava no seu gabinete, mas a segunda mulher de Bolsonaro, a advogada Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, o Zero Quatro, hoje candidato a vereador em Santa Catarina. Foi Ana Cristina que escalou a equipe de funcionários do gabinete de Carlos, incluindo parentes e conhecidos dela.

O casamento de 10 anos de Bolsonaro com Ana Cristina foi o maior período de prosperidade na vida dos dois. Entre 1998 e 2008, o casal comprou 14 imóveis, cinco em dinheiro vivo. Antes, ela não tinha nenhum em seu nome, e Bolsonaro possuía apenas um na Zona Norte do Rio, além de uma casa em Angra dos Reis.

Carlos quis se candidatar a deputado estadual em 2003, mas foi preterido pelo pai em favor do seu irmão, Flávio, que se elegeu e se reelegeu cinco vezes. Em 2016, Carlos amargou a derrota de Flávio para prefeito do Rio. Em compensação, em 2018, celebrou a vitória do pai para presidente e a do irmão para senador.

Bolsonaro credita sua vitória a Carlos e pensou em nomeá-lo ministro. Michelle, a terceira mulher de Bolsonaro, ex-funcionária do gabinete dele na Câmara, detesta Carlos. Negou-lhe abrigo no Palácio da Alvorada quando ele temia ser preso. Na campanha de 2022, Bolsonaro ouviu pouco Carlos, e isso o magoou.

Desde ontem, Carlos vive um misto de alegria e tristeza. Alegria porque o Ministério Público do Rio  (MP) concluiu que ele não sabia do esquema de rachadinha no seu gabinete que desviou dinheiro público. Tristeza porque o MP concluiu que o responsável pelo esquema era Jorge Fernandes, seu homem de confiança.

Fernandes chefiou o gabinete de Carlos e até pagou dois boletos em nome de Jair Bolsonaro e de Michelle. Verdade que também pagou 19 boletos em nome de Carlos – esses, no valor total de R$ 23,4 mil. Quer dizer: Fernandes traiu a confiança de Carlos, que não se deu conta de que ele pagou algumas de suas dívidas.

Em nota, Carlos disse receber com tranquilidade a informação sobre o arquivamento da denúncia contra ele. E, elegantemente, como é do seu feitio, saiu em defesa de Fernandes e dos demais denunciados:

“Confio em todos os meus funcionários e tenho absoluta certeza de que todos os envolvidos demonstrarão a fragilidade da acusação e suas inocências”.

Flávio fez algo parecido em 2018 no caso do esquema de rachadinha comandado no seu gabinete de deputado pelo ex-militar Fabrício Queiroz, amigo do seu pai: defendeu-o, e aos demais funcionários. Queiroz pagou dívidas de Flávio, Bolsonaro e Michelle. Mas foi naturalmente sem que eles soubessem.

No último dia 2, Flávio gravou um vídeo em apoio à campanha de Queiroz para vereador de Saquarema (RJ). Ele diz no vídeo:

“Todo mundo está vendo hoje as perseguições que nós sofremos, quem é de direita. E o Queiroz foi vítima disso lá atrás. Tentaram usar o Queiroz para nos atingir. Graças a Deus não conseguiram e está aqui o Queiroz de cabeça erguida pedindo voto para vereador em Saquarema. E eu estou pedindo para vocês.”

(“Família que reza unida permanece unida.” A frase é de do padre católico irlandês Patrock Peyton, que em 1963, financiado pela CIA, visitou o Brasil e pregou contra o comunismo. Um ano depois, deu-se o golpe militar.)

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