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Pesquisa da UnB: uma a cada 7 mulheres com 40 anos já abortou

Quem tem dinheiro, interrompe a gravidez se quiser. Quem não tem, arrisca-se a morrer no país da hipocrisia

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Dario Oliveira/NurPhoto via Getty Images
protesto a favor da legalização do aborto em são paulo
1 de 1 protesto a favor da legalização do aborto em são paulo - Foto: Dario Oliveira/NurPhoto via Getty Images

Uma a cada 7 mulheres no Brasil, aos 40 anos de idade, já abortou pelo menos uma vez na vida, segundo a Pesquisa Nacional de Aborto, edição 2021, realizada pela Universidade de Brasília e o Instituto Anis. E 52% dessas mulheres abortaram com menos de 19 anos.

O levantamento, que mostra uma realidade de meio milhão de abortos anualmente, explicita o grau de importância do assunto para a saúde pública do país. Quase metade das mulheres (43%) que abortou precisou ser hospitalizada.

A pesquisa foi coordenada por Debora Diniz, da UnB, Marcelo Medeiros, da Columbia University, e Alberto Madeiro, da Universidade Estadual do Piauí. Diniz observa:

“São cerca de 250 mil mulheres que chegam aos hospitais, por ano, para finalizar aborto. E metade é adolescente. Mas elas têm medo de falar a verdade aos profissionais, então perdemos a oportunidade de cuidar dessas mulheres, de saber se estão sofrendo violência, se tiveram acesso aos métodos seguros. Assim, perdemos a oportunidade de prevenir outros abortos e de reduzir essa taxa no Brasil. Aborto é um problema de saúde pública e atinge mais as mulheres muito jovens.”

A lei prevê a possibilidade de aborto legal para casos de risco de vida da mulher, gravidez após estupro ou quando há anencefalia fetal. No Supremo Tribunal, mofa proposta do PSOL para que o aborto realizado nos 3 primeiros meses seja descriminalizado.

Outro dado da pesquisa é sobre o “aborto de repetição”. Uma em cada cinco (21%) mulheres que abortaram realizaram um segundo aborto, e 74% são negras. Nesse universo, a predominância maior é de mulheres negras e pobres residentes do Norte e Nordeste.

Diniz outra vez com a palavra:

“A pesquisa permite que um conjunto de ministérios olhe o aborto como questão de saúde pública, que afeta a população adolescente, negra. Precisamos de ações focalizadas, como educação sexual nas escolas. A educação sexual tem que ser sobre proteção, cuidados e prevenção”.

Em setembro de 2021, um ano e um mês antes de se eleger presidente da República pela terceira vez, Lula afirmou a propósito do aborto:

“Não tenho vergonha de dizer que eu, pai de 5 filhos, sou contra o aborto. Mas, enquanto chefe de Estado, tenho que tratar o assunto como saúde pública. Eu acho que o aborto é um direito da mulher. Não preciso ser favorável, mas tenho que cuidar para que todos sejam tratados dignamente pela saúde pública”.

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