Pense num absurdo, na Bahia tem precedente
A aliança mais esquisita para a eleição de outubro próximo
atualizado
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A política baiana continua dando razão à célebre frase cunhada por Octavio Mangabeira que governou o Estado de 10 de abril de 1947 a 31 de janeiro de 1951. Depois de espantar-se muitas vezes com o que via, ele disse, e até hoje seus conterrâneos gostam de repetir:
“Pense num absurdo, na Bahia tem precedente”.
A aliança mais estranha para as eleições de outubro próximo está em gestação justamente na Bahia. João Leão, o vice-governador, é do PP do ministro Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil de Bolsonaro, e de Arthur Lira, presidente da Câmara e aliado incondicional de Bolsonaro.
Como o governador Rui Costa, do PT, desistiu de candidatar-se ao Senado, Leão, que contava em sucedê-lo por poucos meses ou ser candidato ao Senado, rompeu com o PT apoiado por ele há 12 anos, e aderiu a ACM Neto, do União Brasil, seu antigo adversário.
Ex-prefeito de Salvador, ACM Neto é candidato ao governo contra o PT. Leão fará parte de sua chapa como candidato ao Senado, mas já avisou que apoiará Lula para presidente. Está tudo bem para ACM Neto que, por ora, pretende manter-se distante da eleição presidencial.
Distante, “pero no mucho”. O apoio de Leão a Lula poderá transferir para ACM Neto votos que antes eram do PT. Para Lula, não será tão ruim. Seu candidato ao Senado pela Bahia é Otto Alencar (PSD), mas ele não recusará o apoio de Leão e do PP. Voto não tem cor.
Bolsonaro desembarca amanhã na Bahia para lançar a candidatura ao governo de João Roma, ministro da Cidadania, de saída do Republicanos para o PL, partido alugado a Bolsonaro pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, mensaleiro do PT que cumpriu pena.
Roma foi o braço direito de ACM Neto na prefeitura de Salvador.