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Pazuello passará à história como um general obediente e medroso

A CPI da Covid espera que Pazuello ganhe coragem para depor sobre os erros do governo no combate à pandemia que já matou 410 mil brasileiros

atualizado

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Presidente Jair Bolsonaro sentado ao lado de Eduardo Pazuello, em visita ao ministro da Saúde, com Covid-19
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro sentado ao lado de Eduardo Pazuello, em visita ao ministro da Saúde, com Covid-19 - Foto: Reprodução

Manda quem pode, obedece quem tem juízo, mesmo que o obediente seja um general, o que pode um ex-capitão afastado do Exército por planejar atentatos à bomba em quartéis, e o que ele mandou decisões absurdas, estúpidas, capaz de fazer mal a uma grande quantidade de pessoas.

Mandaram o general Eduardo Pazuello dizer à CPI da Covid-19 do Senado, ora reunida, que ele não poderá depor amanhã como estava combinado. O motivo? O ex-ministro da Saúde de triste memória teve contatos com pessoas suspeitas de terem contraído o vírus. A prudência sugere, pois, que ele fique isolado.

Em outubro último, Pazuello disse que o vírus o pegara. Chegou a ser internado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília. Recuperava-se quando foi visitado pelo presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, pronunciou a frase que o marcará para sempre: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Dias antes, autorizado com atraso por Bolsonaro, o general anunciara a compra da vacina CoronaVac, de origem chinesa, fabricada em São Paulo pelo Instituto Butantan. Menos de 24 horas mais tarde, Bolsonaro desautorizou-o. Foi o maior vexame público vivido por um general desde o fim da ditadura de 64.

Demitido do ministério por incompetência, nada mais do que incompetência, agora Pazuello arrisca-se a ser apontado no futuro como o general menos corajoso de sua geração. Passou o fim de semana sendo treinado pelo governo para falar à CPI sem lhe causar embaraços nem fornecer munição aos seus adversários.

Não aprendeu a repetir o que lhe ensinaram? Preferiu – ou preferiram por ele? – alegar que teve contatos com dois suspeitos de terem coronavírus para não ir tão cedo depor à CPI? Por ora, a informação não é oficial. Mas é quase. Foi comunicada ao plenário da CPI por seu presidente, o senador Omar Azziz.

Dirão os incrédulos: entendem por que Pazuello foi visto e fotografado no fim de semana sem máscara em um shopping de Manaus? Foi lá para escapar à CPI com a desculpa de que pode ter sido contaminado. General não é moleque. Portanto, não deveria comportar-se como um moleque.

O governo Bolsonaro tudo fez para que a CPI não fosse criada; se fosse, para que sua instalação ficasse para o futuro remoto; não sendo possível, que ele ao menos contasse ali com a maioria dos votos. Perdeu todas as paradas. Perderá mais essa. A CPI pode esperar que Pazuello deponha quando estiver pronto.

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