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Para não ser deposto, Putin tem que vencer a guerra, mas já perdeu

Os ucranianos têm uma boa causa pela qual lutar, mas os russos nem sabem direito porque estão lutando

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Em manifestação em Hessen, Alemanha, pessoas levantam cartazes em reúpido à Rússia. Em um deles, está escrito "Fuck U Putin" - Metrópoles
1 de 1 Em manifestação em Hessen, Alemanha, pessoas levantam cartazes em reúpido à Rússia. Em um deles, está escrito "Fuck U Putin" - Metrópoles - Foto: GettyImages

O presidente Vladimir Putin não tem alternativa: ou vence a guerra que escolheu travar na Ucrânia ou acaba deposto. Há guerras que os países são obrigados a travar e outras que eles escolhem travar. A Rússia não pressionou Putin a invadir a Ucrânia.

O setor de inteligência dos Estados Unidos estimou na semana passada que 3 mil soldados russos haviam morrido em combate na Ucrânia. A estimativa foi revista ontem: em duas semanas, pelo menos de 5 mil a 6 mil soldados russos foram mortos .

Não é pouca coisa. O número reflete as dificuldades enfrentadas pelas tropas russas em uma guerra que não é convencional desde o seu início. De um lado, há o segundo Exército mais poderoso do mundo; do outro, um Exército pequeno e mal armado.

A Ucrânia está sendo armada de última hora pelos Estados Unidos e países europeus para travar uma guerra que eles não podem travar, sob pena de o mundo ver-se às portas da Terceira Guerra Mundial, desta vez com o emprego de armas nucleares.

A um Exército em desvantagem, cabe evitar o combate direto com outro, apelando para táticas da luta de guerrilha. Foi assim que o Exército do Vietnã derrotou o Exército francês e, em seguida, o Exército americano em meados do século passado.

Os vietnamitas tinham uma boa causa a defender, a independência do seu país; os franceses e americanos, não. Isso faz diferença na hora de ir à guerra. É o que se vê, agora, na Ucrânia. Como Putin pode convencer seu povo que a Rússia está sendo agredida?

Suas tropas podem dispor de material bélico superior, mas lhes falta motivação. Putin disse que não há recrutas lutando na Ucrânia. O Ministério da Defesa da Rússia disse que há. Os soldados russos achavam que participavam de manobras militares.

Descobriram que não eram manobras, mas preparativos para a invasão de outro país onde têm parentes. Quando a guerra se aproxima de cidades densamente povoadas, aumenta o estresse das tropas invasoras e a guerra se torna mais letal.

É o que acontece neste momento na Ucrânia, para surpresa dos russos que ficaram em casa e que ignoram que seus filhos poderão voltar dentro de sacos. Por mais quanto tempo Putin conseguirá esconder deles a verdade? E quando eles conhecerem a verdade?

As sanções à Rússia cobram a Putin uma explicação satisfatória para seu povo. Por que quem tinha 100 rublos, agora só tem 65? Por que o McDonald ‘s da esquina fechou? Por que a Netflix saiu do ar? Por que foi adiada a estreia do novo filme do Batman?

Hoje, haverá mais uma rodada de negociações entre representantes dos dois países. As anteriores fracassaram; essa deverá fracassar. Putin não sairá da guerra como perdedor. Seria o fim dele a curto prazo. Difícil, porém, que saia como vencedor.

Kiev, a capital, poderá ser conquistada; o governo ucraniano, trocado; e o presidente Zelensky, preso ou morto. Isso não significará que Putin venceu. O preço da manutenção da nova ordem na Ucrânia será mais caro do que o preço da guerra.

Para não cair, Putin não pode perder, mas a verdade é que ele já perdeu, e talvez saiba.

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